quinta-feira, maio 31, 2007

1de Junho... Dia Mundial da Criança

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o Dia Mundial da Criança não é só uma festa onde as crianças ganham presentes. É um dia em que se pensa nas centenas de crianças que continuam a sofrer de maus tratos, doenças, fome e discriminações.

Sabias que o primeiro Dia Mundial da Criança foi em 1950? Tudo começou logo depois da 2ª Guerra Mundial, em 1945. Muitos países da Europa, do Médio Oriente e da China entraram em crise. As crianças desses países viviam muito mal porque não havia comida e os pais estavam mais preocupados em voltar à sua vida normal do que com a educação dos filhos. Algumas nem pais tinham!

Como não tinham dinheiro, muitos pais tiravam os filhos da escola e punham-nos a trabalhar, às vezes, durante muitas horas e a fazer coisas muito duras.

Sabias que mais de metade das crianças da Europa não sabia ler nem escrever? E também viviam em péssimas condições para a sua saúde.

Em 1946, um grupo de países da ONU (Organização das Nações Unidas) começou a tentar resolver o problema. Foi assim que nasceu a UNICEF.
Clica aqui para leres sobre esta organização.

Mesmo assim, era difícil ajudar as crianças, uma vez que nem todos os países do mundo estavam interessados nos seus direitos.

Foi então que, em 1950, a Federação Democrática Internacional das Mulheres propôs às Nações Unidas que se criasse um dia dedicado às crianças de todo o mundo.

Este dia foi comemorado pela primeira vez logo a 1 de Junho desse ano!

Com a criação deste dia, os estados-membros das Nações Unidas, reconheceram às crianças, independentemente da raça, cor, sexo, religião e origem nacional ou social o direito a:
- afecto, amor e compreensão;
- alimentação adequada;
- cuidados médicos;
- educação gratuita;
- protecção contra todas as formas de exploração;
- crescer num clima de Paz e Fraternidade universais.

Sabias que só nove anos depois, em 1959 é que estes direitos das crianças passaram para o papel?

A 20 de Novembro desse ano, várias dezenas de países que fazem parte da ONU aprovaram a "Declaração dos Direitos da Criança".
Trata-se de uma lista de 10 princípios que, se forem cumpridos em todo o lado, podem fazer com que todas crianças do mundo tenham uma vida digna e feliz. Quando a "Declaração" fez 30 anos, em 1989, a ONU também aprovou a "Convenção sobre os Direitos da Criança", que é um documento muito completo (e comprido) com um conjunto de leis para protecção dos mais pequenos (tem 54 artigos!).
Clica aqui para os leres. Estão escritos de uma forma mais simples para tu os perceberes melhor.

Esta declaração é tão importante que em 1990 se tornou lei internacional!

Fonte: Clube Júnior

Centro Nacional de Cultura


TRÊS NOVAS PUBLICAÇÕES APRESENTADAS POR JOÃO BÉNARD DA COSTA
NO DIA 31 DE MAIO NO CNC


Hoje pelas 18h00 terá lugar na Galeria Fernando Pessoa do Centro Nacional de Cultura o lançamento do livro ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA - TEMPO AFECTUOSO: HOMENAGEM AO ESCRITOR E AMIGO DE TODOS NÓS, publicado pela editorial Presença com a colaboração do CNC. Nesta ocasião, João Bénard da Costa fará uma apresentação das revistas O TEMPO E O MODO – 1ª série, lançada em DVD-ROM pelo Centro Nacional de Cultura com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, da Fundação Mário Soares, do Seminário Livre de História das Ideias da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e da Biblioteca Nacional, e da revista RAIZ E UTOPIA, cuja antologia foi recentemente editada pelo Centro Nacional de Cultura com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.

quarta-feira, maio 30, 2007

Conceição Bernardino



Eis aqui o livro da poetisa Conceição Bernardino Alma Poética da Corpos Editores com um estilo, forma e estrutura muito próprias. Agradeço, humildemente, à autora o interesse em ser entrevistada pelo Cultura e desejo que todos os seus projectos futuros sejam um sucesso.


Blogue da Autora

Breve Entrevista:


s.m. Olá Conceição. Em primeiro lugar quero agradecer a sua disponibilidade e simpatia para com o Cultura. Começaremos por falar um pouco de si... Qual é a sua formação e experiência profissional mais relevante?
Conceição Bernardino - Eu é que agradeço. Completei o 12º ano na área de Contabilidade. Ainda frequentei o instituto superior de contabilidade e administração do porto até ao 2º ano, mas por motivos pessoais tive que abandonar os estudos, sempre na qualidade de trabalhadora estudante. A nível profissional a mais relevante foi aos 18 anos, quando tirei um curso de monitora para dar aulas de formação profissional dentro da empresa que trabalhava na área do calçado.

s.m. Para além da escrita tem mais alguma paixão artística que queira partilhar connosco?
C.B. Sim, a minha segunda paixão é o desenho, a pintura mas sem ousadia para seguir esse caminho fico-me pelos rabiscos.

s.m. Noto-a como uma pessoa extremamente sensível e preocupada com o mundo. Aliás, o seu livro é prova disso mesmo. Deseja comentar?
C.B. Não sei se serei mal interpretada, desde muito jovem que os problemas sociais e humanos sempre fizeram parte da minha personalidade. São factores que me chocam muito a desumanidade, o egocentrismo. Embora no meu livro surjam muitos poemas representativos, também procuro que eles sejam esclarecedores para quem os lê.

s.m. Como surgiu o título "Alma Poética"?
C.B. Da entrega com que me dedico à escrita e como se trata de poesia da cumplicidade de escrever com alma.

s.m. Já escreveu prosa/ romance? Considera mais difícil escrever poesia ou prosa?
C.B. Nunca escrevi romance mas penso um dia escrever. Quanto a escrever prosa ou poesia não se trata de graus diferenciados entre dificuldades. Penso que escrever, seja qual for o estilo, não é fácil.

s.m.Será possível levantar um pouco o véu dos seus projectos futuros para os nossos leitores?
C.B. Apesar de escrever já há alguns anos, só no ano passado é que eu comecei a retirar a escrita da gaveta, como se costuma dizer. Não me considero uma escritora, ainda tenho muito que aprender, é claro que tenho projectos mas por vezes falta o fundo de maneio e as conjunturas. Resta-me, continuar a lutar como tenho feito até hoje.

s.m. O seu livro foi editado em que condições?
C.B. O meu livro foi editado pela “Corpos Editora” que investe em novos autores, enviei para lá os meus poemas via mail como faço, para outras editoras, e obtive uma resposta favorável perante a minha situação financeira. Porque é preciso lembrar quem nos lê e quem está inserido no mundo da escrita, que para além do talento, não basta. Conheço imensas pessoas com talento fenomenal que continuam a escrever para a gaveta porque para editar um livro aparecem-nos muitas restrições e uma delas é o autor não ter quem o ajude financeiramente.

s.m. O que pensa das edições de autor?
C.B. Esta pergunta está um pouco relacionada com a anterior, visto que o poder financeiro está sempre em primeiro lugar apesar de, muitas vezes, também termos falta de informação, porque somos novatos nestas caminhadas quer sejamos autores, editores e/ou livreiros. Procurar livrarias que exponham os nossos livros à venda não é nada fácil para quem não tem nome no mercado.

s.m. Qual é a sua opinião em relação ao mundo editorial?
C.B. Muito sinceramente este é um mundo de que ainda não tenho grande conhecimento para poder opinar, mas do pouco que conheço, salve-se quem puder...

s.m. Acha que existem mais leitores de poesia ou romance? E qual será o motivo?
C.B. De romance com toda a certeza, porque as pessoas ainda têm a ideia de que a poesia é muito complexa em termos literários, não existe grande divulgação a nível educacional das partes competentes que elucidem as massas a lerem mais poesia. O romance é mais cativante para os leitores, existe uma história que se vai desenvolvendo com seguimento até atingir a compreensão e o entusiasmo dos leitores.

s.m. O que sentiu com a publicação do seu livro?
C.B. Foi exactamente isto que senti... Essa noite ficará eternamente na minha alma... Os sentimentos misturaram-se em emoções, que a minha mente recorda em cada pedacinho retratado de toda aquela envolvência. O calor humano, a amizade, a afinidade e os abraços que surgiam calorosos de carinho. Estremeci entre a emoção e o nervosismo que me afagava, as palavras que dizia com todo o amor a todos os que se dirigiam a mim. Por momentos sonhei, mas ao desfolhar uma das páginas do meu livro, tive a certeza que ele não me pertencia só a mim, mas sim a todos que fizeram dele uma realidade. Foi então que me apercebi... que o mais importante naquela noite não era o facto de estar a lançar o meu primeiro livrinho... mas sim a ternura que se recebe entre a igualdade das diferenças que se constroem, em amizades.

s.m. Teve algum tipo de formação em Literatura Portuguesa ou Escrita Criativa?
C.B. Não.

s.m. Em termos literários, acredita no termo "inspiração", "transpiração " ou na simbiose?
C.B. Para mim a inspiração tem um elo muito forte com a poesia, se escrevo poesia sobre momentos que já vivi, representativos da minha vida é claro que a vou apresentar como se estivesse a falar de alguém, mas quando a poesia é volúvel sobre vários temas, a fome, guerra, miséria, paisagem, etc. a inspiração está constantemente na minha mente através de factos verídicos com que me deparo, um simples gesto, um olhar para o lado e reparar em pequenas grandes coisas que escapam ao olhar de muita gente. A própria música na maioria das vezes é a minha fonte de inspiração. Quando escrevo outro tipo de literatura, por exemplo, crónicas, aí entra a investigação, a leitura, a metamorfose, tento colocar-me no lugar de quem escrevo. A prosa surge voluntariamente, sim com alguma transpiração e simbiose. Mas sem trabalho nada feito.

s.m. Organiza o seu tempo para escrever?
C.B. Nos tempos livres que me sobram entre as tarefas múltiplas que ocupam os meus dias.

s.m Como caracteriza o seu processo de escrita?
C.B. Simples, humilde para que todos os que lêem possam compreender a mensagem que tento transmitir. Que possam reflectir.

s.m. Noto no seu livro uma grande disciplina em termos de estruturação dos poemas. Qual a razão?
C.B. Talvez porque, saem da forma mais elementar, ingénua da alma que me alimenta as palavras.

s.m. Alguma vez se aventurou no mundo dos Prémios Literários? (Em caso afirmativo, indique aqueles que ganhou.)
C.B. Já, em concursos de poesia mas nunca ganhei nenhum prémio.

s.m. Quando começou a escrever?
C.B. Os tempos levam-me a memória, mas sei que foi na minha adolescência quando precisei de confidenciar com alguém, tudo aquilo que o nosso pensamento constrói sufocado dentro de quatro paredes. É fácil falar, ser um bom ouvinte é complicado... Quando o silêncio nos cala a dor, as palavras são as nossas mais fiéis companheiras.

s.m. Que autores lê frequentemente?
C.B. Sinceramente, não tenho autores pré definidos, leio um pouco de tudo se falar de autores teria que mencionar imensos. Mas posso divulgar alguns: Florbela Espanca, Pablo Neruda, Paulo Coelho, Augusto Cury, Carlos Simão, Fernando Costa Soares, Sebastião Estácio da Veiga, Louise L. Hay, Isabel Allende, entre tantos outros, mas não posso deixar de mencionar os novos autores: Pedro Lopes, Maria Petronilho, Alexandra Caracol, Marita Ferreira, Bruno Pereira, Margarete da Silva, Paz Kardo, Lucia Ribeiro, Rosa Anselmo pois ajudam-nos a visualizar o futuro.

s.m. Qual é o seu livro e autor preferidos? Porquê?
C.B. Um dos meus livros preferidos e que me marcou muito foi: “Os filhos da Droga” da autora Christiane F. Pela complexidade e pela descrição que retrata a actualidade ao ler este livro, era eu ainda uma adolescente, fiquei estupefacta com uma realidade marcante que hoje se transformou num flagelo da nossa sociedade.

s.m. Que conselho daria a quem sonha retirar da gaveta as suas palavras?
C.B. Para ter coragem e expor os seus escritos, tendo noção que nada é fácil mas que vale sempre a pena lutar pelos nossos sonhos. A riqueza interior, ninguém nos tirará, será sempre o nosso maior presente.

s.m. Escolha um poema, do seu livro, para acompanhar a sua entrevista.

Insanidade perfeita

Sinto-me cansada
Já me faltam as palavras!
As que saboreio entre dissabores
Da minha própria loucura
Já não sinto o meu corpo
As vogais consomem-no
Adormece em brandas consoantes
Ficam tantas frases por dizer
Aquelas,
Que já não consigo escrever,
Falta-me a força
A caneta começa a tremer
Soluça.
O meu olhar constrói
O que meu pensamento rejeita
Esta sou, eu
A doce mulher
A insana, poeta...

in Alma Poética de Conceição Bernardino [pág. 24]

FMM SINES - Festival Músicas do Mundo 2007

Os melhores do mundo na grande festa da diversidade da música realizada em Portugal
Entre 20 e 28 de Julho de 2007, em Sines e Porto Covo, a nona edição do Festival Músicas do Mundo traz ao Litoral Alentejano 32 concertos com artistas dos cinco continentes.

Eleitos na última edição dos mais prestigiados prémios de "world music" do mundo - os BBC Radio 3 World Music Awards - como melhor grupo das Américas, melhor artista africano e revelação de 2006, Gogol Bordello (EUA/Ucrânia), Mahmoud Ahmed (Etiópia) e K'Naan (Somália) são três destaques do programa da nona edição do Festival Músicas do Mundo, uma organização da Câmara Municipal de Sines, que se realiza entre 20 e 28 de Julho, no concelho de Sines.

Bellowhead, o mais importante grupo da folk britânica do séc. XXI, Rachid Taha, uma das maiores figuras da música com raízes no Magrebe, e Darko Rundek, o grande cantautor croata, são outros três espectáculos em evidência entre 32 que fazem o programa mais extenso de sempre do maior festival português deste género.

Repartido por quatro palcos, um na aldeia de Porto Covo (junto ao Porto de Pesca) e três na cidade de Sines (Castelo, Avenida da Praia e Centro de Artes), o FMM 2007 será uma das maiores festas da diversidade da música alguma vez realizadas no nosso país.


SEXTA, 20 DE JULHO

O nono Festival Músicas do Mundo abre, sexta, 20 de Julho, às 21h30, em Porto Covo, com um dos mais interessantes projectos do folclore português. Partindo da música, dança e língua das Terras de Miranda, os Galandum Galundaina dão um espectáculo fiel à tradição e divertido.

Darko Rundek é o grande cantor e compositor da Croácia. No segundo concerto do dia, às 23h00, apresenta-se com os oito instrumentistas da Cargo Orkestar uma música doce e miscigenada, em canções que tratam as viagens e a solidão no mundo globalizado.

Às 00h30, uma das revelações da "world music" em 2006. Etran Finatawa reúne músicos de dois povos nómadas do Níger, tuaregues e "wodaabe", para um concerto em que vozes, guitarra eléctricas e percussões se unem para cantar a vida na savana.


SÁBADO, 21 DE JULHO

No segundo dia de música em Porto Covo, o americano Don Byron, um dos mais importantes clarinetistas do jazz do mundo, traz a Porto Covo o disco de 2006 "Do The Boomerang", onde visita a música de Junior Walker, pioneiro da música soul dos anos 60. Às 21h30.

Às 23h00, a música sempre surpreendente do Mali, com a cantora mandinga Mamani Keita, uma das melhores vozes africanas actuais, apoiada pelo guitarrista francês Nicolas Repac.

O Leste contemporâneo fecha a noite, às 00h30. Eleitos melhor nova banda da Rússia em 2002, os Deti Picasso fundem melodias de canções tradicionais da Arménia com rock russo.


DOMINGO, 22 DE JULHO

O último dia do festival na aldeia retoma a Europa Oriental.

Entre os grupos mais interessantes do jazz centro-europeu, os húngaros Djabe abrem a noite, às 21h30, com o seu encontro de música improvisada, tradição popular húngara, ritmos de todo o mundo e referências do rock progressivo.

Às 23h00, um espectáculo em estreia mundial. Karl Seglem é um dos melhores saxofonistas noruegueses. Rão Kyao foi o músico que levou o saxofone ao fado e trouxe a flauta oriental à música portuguesa. Juntam-se, pela primeira vez, no FMM 2007.

A música termina com o escaldante "Ska dos Cárpatos" dos ucranianos Haydamaky. Às 00h30, um cruzamento de reggae, punk e música tradicional vai pôr o público a dançar.


SEGUNDA, 23 DE JULHO

Segunda-feira, o festival transita para Sines.

Marcel Kanche e Ttukunak preenchem a primeira noite no Auditório do Centro de Artes de Sines.

O cantautor Marcel Kanche é uma figura especial da música de França. Entre a chanson française, o jazz e o rock experimental, tem recebido elogios entusiásticos da imprensa do seu país e internacional. Às 21h30.

Ttukunak são duas irmãs gémeas do País Basco exímias tocadoras da "txalaparta", instrumento de percussão com uma história de 2000 anos que tratam de uma forma ao mesmo tempo elegante e vigorosa, tradicional e inovadora. Às 23h00.


TERÇA, 24 DE JULHO

Dia 24, ainda no Auditório do Centro de Artes, Lula Pena e o Jacky Molard Acoustic Quartet.

Com uma carreira quase toda feita fora do nosso país, Lula Pena é uma das mais intensas e misteriosas artistas portuguesas. Entre o fado e a pop, entre a música brasileira e a música árabe, ouve-se, a partir das 21h30, a alma universal de uma cantora de voz única.

O violinista Jacky Molard é uma instituição da música da Bretanha. Regressa a Sines em 2007, pela primeira vez num grupo com o seu nome, onde aproxima a música bretã da música irlandesa, do jazz "manouche" e de sons orientais. Às 23h00.


QUARTA, 25 DE JULHO

Dia 25, um momento sempre esperado: a música arranca no Castelo, e, este ano, um dia mais cedo, logo na quarta-feira.

O maior percussionista do mundo, o indiano Trilok Gurtu, é o primeiro a subir ao palco, às 21h30, com o quarteto de cordas italiano Arkè String Quartet e a cantora Reena Bhardwaj. Uma fusão indo-mediterrânica, com o lirismo das cordas e o fogo das percussões.

Eleitos melhor grupo e espectáculo nos Folk Awards da BBC Radio 2, os Bellowhead são a maior revelação da folk britânica no século XXI, responsáveis por uma riqueza tímbrica e harmónica nunca antes ouvida na música tradicional inglesa. Às 23h00.

O último concerto do dia no Castelo (00h30) cabe aos Kasaï Allstars. Com mais de uma dezena de músicos e bailarinos de várias bandas e etnias congolesas, este é um espectáculo muito visual, sobre música tradicional com tratamento eléctrico artesanal.

Na Avenida da Praia, às 2h30, uma nova visão da tradição musical do mais antigo povo do Japão. A Oki Dub Ainu Band cruza a tradição acústica Ainu, o "dub-reggae", a electrónica e a música afro-americana num som de dança completamente inesperado.


QUINTA, 26 DE JULHO

É na praia que começa a música, quinta-feira, 26 de Julho. Harry Manx, britânico radicado no Canadá, é um bluesman singular. Com o seu instrumento híbrido de guitarra e "setar", a música que faz é um encontro entre a canção americana e as texturas musicais da Índia. Às 19h30.

Já no Castelo, lugar ao contrabaixista português Carlos Bica, um dos melhores músicos de jazz da Europa. Acompanhado dos americanos Frank Möbius e Jim Black e do DJ alemão Ill Vibe apresenta-se às 21h30 com o seu projecto mais emblemático, "Azul".

Oriundos de um raro matriarcado da África de influência árabe, os malianos Tartit são um dos mais comoventes grupos em actividade. Juntando homens e mulheres, canto e dança, eléctrico e acústico, os seus blues do deserto são absolutamente a não perder, às 23h00.

A fechar o Castelo, às 00h30, um mito. Melhor artista africano de 2006, eleito pela BBC, o etíope Mahmoud Ahmed é um dos mais extraordinários cantores do mundo. Os ritmos circulares da tradição etíope, pop e jazz, num dos concertos mais esperados do FMM.
A noite de quinta acaba, às 2h30, na Av. Praia. Considerado um dos cantores com mais soul do reggae actual, o britânico Bitty McLean actua no FMM com a secção rítmica mais importante da história do género, Sly & Robbie, os génios jamaicanos do drum n' bass.


SEXTA, 27 DE JULHO

Sexta-feira, 27, a Oceania estreia-se no festival. O pianista neo-zelandês Aron Ottignon está em Sines com o grupo Aronas para um concerto de jazz com um caldeirão de influências, entre elas os ritmos das ilhas da Polinésia. A ouvir na praia, às 19h30.

No Castelo, há Brasil, Estados Unidos e Argélia.
Com pouco mais de 30 anos, Hamilton de Holanda foi considerado pelo mestre Hermeto Pascoal "o maior bandolinista do mundo". Animal de palco, toca de forma vertiginosa um repertório de música popular, erudita e jazz. Às 21h30, com o seu quinteto.

Às 23h00, o mais famoso quarteto de saxofones do mundo, o World Saxophone Quartet, regressa a Sines com "Political Blues", jazz condimentado de blues e muito funk, com letras que criticam o clima político dos Estados Unidos contemporâneos.

Às 00h30, Rachid Taha. Porta-voz de uma geração de músicos árabes a viver na Europa, este cantor argelino cruza ritmos do Norte de África, música de dança e atitude punk para criticar as hipocrisias dos dois lados do Mediterrâneo.

Na praia, a partir das 2h30, uma "big band" empenhada em encontrar novos caminhos para a música tradicional italiana. La Etruria Criminale Banda une, sem chocar, estilos tão diferentes quanto a tarantela, música de circo, tango, ska e swing.


SÁBADO, 28 DE JULHO

O último dia de música tem a Bretanha como ponto de partida. Liderada por Erik Marchand, a orquestra Norkst parte em busca da recuperação da riqueza modal da música bretã, reencontrando parentescos com o Oriente e os Balcãs. Na Av. Praia, às 19h30.

Às 21h30, já no Castelo, uma cantora desconcertante, Erika Stucky. Tradição suíça, rock, pop alternativa e jazz vanguardista desaguam num imaginário muito pessoal. Acompanha-a para a estreia em Portugal o grupo Roots of Communication.

Eleito pela BBC Radio 3 revelação das músicas do mundo de 2006, o rapper somali K'Naan volta a Sines para a entrada decisiva do género no coração histórico do festival, o Castelo. "Hip hop" com sabor acústico e africano, num concerto fundamental, a ouvir, às 23h00.

Também premiado pela BBC, neste caso como melhor grupo das Américas, os Gogol Bordello estreiam-se em Portugal para um espectáculo efervescente. Entre os Estados Unidos e a Ucrânia, o festival encerra no Castelo, às 00h30, com punk cigano e fogo-de-artifício. Mais uma estreia absoluta no nosso país.

Para gastar as últimas energias, às 02h30, uma descida à praia, para ouvir e dançar com um dos grupos mais originais do momento. Partindo de referências da pop alemã e japonesa, Señor Coconut and His Orchestra feat. Argenis Brito constrói com arranjos latinos um espectáculo contagiante.


INICIATIVAS PARALELAS

Além da programação musical, o FMM prolonga-se num conjunto de iniciativas paralelas.

No Centro de Artes, dia 1 de Julho, é inaugurada a exposição "N'Gola", do fotógrafo angolano Kiluanji, patente até 30 de Setembro.

Também no Centro, tem lugar um ciclo de cinema com o tema "Música e Trabalho", um conjunto de conversas com artistas do festival e "workshops" para os mais novos.

Depois dos concertos nocturnos no palco da Avenida da Praia, a música continua, até ao sol nascer, em quatro sessões de DJ.

Todas as informações
www.fmm.com.pt

terça-feira, maio 29, 2007

Poetas e filmes portugueses - festival em Pisa

A obra de seis poetas portugueses será lida e analisada no quadro do Festival Poética Atlântica 2007 dedicado à poesia portuguesa contemporânea e que decorre em Pisa, Itália, até ao dia 02 de Junho. A par da divulgação da obra dos seis poetas - Pedro Tamen, Casimiro de Brito, Gastão Cruz, José Tolentino de Mendonça, Catarina Nunes de Almeida e Laura Moniz - serão exibidos filmes de ficção («Os verdes anos», de Paulo Rocha, e «Uma abelha na chuva», de Fernando Lopes) e documentários de João César Monteiro sobre Sophia de Mello Breyner Andresen, de Miguel Gonçalves Mendes sobre Mário Cesariny e de João Roque sobre Luiza Neto Jorge.
Catarina Nunes de Almeida é uma jovem poetisa distinguida em 2006 com o Prémio Daniel Faria 2006 com o original «Prefloração», entretanto publicado pela editora Quasi.
Laura Moniz, natural da Madeira, reside em Trieste e, entre outras actividades, tem traduzido poesia portuguesa para italiano.
Os restantes quatro autores são nomes firmados na escrita poética portuguesa, com trabalhos traduzidos no estrangeiro, e nomeadamente em Itália. Em declarações à Lusa, Casimiro de Brito informou que o organizador do festival, o italiano Manuele Mansini, esteve para o realizar em Portugal, o que não aconteceu devido a «dificuldades logísticas». Brito enalteceu o trabalho desenvolvido por Mansini, um jovem intelectual interessado no estudo e divulgação da cultura portuguesa e, em particular, da poesia. O festival propõe-se «difundir a pluralidade da palavra poética, através de leituras públicas, projecção de documentários sobre poesia, o confronto e o encontro com poetas, ficcionistas, críticos, filósofos, leitores de várias culturas e línguas diferentes». A edição de poesia estará em foco dia 01, num fórum que reunirá autores italianos como Giancarlo Pontiggia, Michelangelo Camilliti e Alessandro Agostinelli e os portugueses Casimiro de Brito e Gastão Cruz. No dia 02, o português José Tolentino Mendonça e o galego Miguel Anxo Fernan-Vello participarão num debate com Mansini sobre a crítica literária em Portugal. De acordo com a organização, apoiam a iniciativa entidades italianas e portuguesas, estando entre estas o ministério da Cultura português, o Instituto Camões, a Fundação Gulbenkian e embaixada portuguesa em Itália.

Fonte: Diário Digital / Lusa

Belmonte promove vinhos da Beira Interior


Divulgar e valorizar os vinhos das cinco adegas cooperativas da Beira Interior (Covilhã, Fundão, Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo e Vila Franca das Naves) é o objectivo da apresentação que vai decorrer entre os dias 1 e 3 de Junho em Belmonte.
A iniciativa da União das Adegas Cooperativas da Beira Interior (Unacobi) decorre no primeiro fim-de-semana de Junho (1 a 3) no Museu do Azeite, em Belmonte, e pretende promover os vinhos das cinco adegas cooperativas beirãs (Covilhã, Fundão, Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo e Vila Franca das Naves).
O programa inclui prova de vinhos, visita às adegas e uma festa de promoção vinícola no domingo, na Covilhã.
Para António Bidarra Andrade, presidente da Unacobi «o objectivo é ganhar competitividade no mercado, centralizar a gestão, reduzir custos administrativos e congregar esforços para encontrar soluções para aumentar a penetração nos mercados internacionais».
Recorde-se que está em cima da mesa a constituição de uma sociedade anónima que, até agora, recebeu a adesão de três cooperativas mas com a Covilhã e o Fundão a ficarem de fora.

Festival de Sintra 2007


É em Sintra que se faz aquele que é, por excelência, o festival nacional da música erudita e bailado. Uma programação muito rica e preenchida é a aposta da 42ª edição do Festival de Sintra, que decorre entre os dias 1 de Junho e 15 de Julho.No plano musical, o programa dá a contemplar Sequeira Costa (que abre o festival), Stephen Beus, Stephen Kovacevich, Marylin Frascone, Trio Pizarro e Geza Hossu-Legocky, entre muitos outros.

A dança é inaugurada com o Cullberg Ballet, companhia de dança sueca de renome internacional. Ao longo do Ciclo de Dança, actuarão em Sintra quatro companhias, três delas estrangeiras.

O festival dedica esta edição a Olga Maria Nicolis di Robilant Álvares Pereira de Melo, Marquesa de Cadaval, quando passam dez anos da sua morte. A Marquesa de Cadaval é evocada pelo seu contributo à abertura de Portugal às grandes figuras do plano artístico internacional.

Esse sentido de excelência continua a nortear o Festival de Sintra, agora de mãos dadas com outra sedutora proposta: uma programação alternativa - a nível de público e de preços -, intitulada "Contrapontos" (uma iniciativa estreada com sucesso no ano passado).

Os vários concertos decorrem habitualmente em igrejas e Palácios da Vila, Pena e Queluz e igualmente em Parques e Quintas da Região.

Teatro Nacional de São Carlos, Lisboa

31. Maio 4. 6. 8. Junho 2007 _ 20:00h |

2. Junho _ 16:00h

MACBETH
Giuseppe Verdi
Alteração

Ópera em quatro actos. Libreto de Francesco Maria Piave segundo a tragédia homónima de William Shakespeare

Direcção musical Antonio Pirolli
Encenação Elena Barbalich
Cenografia e figurinos Tommaso Lagattolla
Desenho de luz Michele Vittoriano

Intérpretes

Johan Reuter Macbeth
Dimitra Theodossiou Lady Macbeth
Fabio Sartori Macduff
Giovanni Furlanetto Banco
Carlos Guilherme Malcolm
João de Oliveira Médico
Sara Braga Simões Aia de Lady Macbeth
Carlos Pedro Santos Um criado
Simeon Dimitrov Um Sicário
Daniel Paixão Primeira Aparição


Orquestra Sinfónica Portuguesa

Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Maestro Titular Giovanni Andreoli

Produção
Teatro Municipal «Giuseppe Verdi» de Salerno

COMUNISMO E GUERRA DE ESPANHA EM DISCUSSÃO NO ISCTE

No âmbito do seminário permanente que tem vindo a decorrer desde o mês passado dedicado ao tema Comunismos: História, Poética, Política e Teoria, tem lugar na próxima quinta-feira, no auditório B203 do ISCTE (edifício novo), às 17,30h., a sessão dedicada ao tema “Comunismo na guerra civil de Espanha”. O conferencista é desta vez DANIEL KOWALSKY, Professor da Queen’s University de Belfast e actualmente um dos mais reputados especialistas mundiais sobre este tema A sua tese de doutoramento realizada na Universidade de Wisconsin, Stalin and the Spanish Civil War, mereceu o American Historical Association's Gutenberg-e Prize em 2001. Actualmente desenvolve também pesquisa sobre cinema espanhol na época da transição para a democracia e é ainda o editor da série respeitante à União Soviética da publicação oficial dos Documentos Britânicos de Política Externa. Tem orientado seminários de investigação na Sorbonne e na London School of Economics, bem como em Espanha e nos EUA.Em conclusão da sua tese, defende que “em todas as facetas do envolvimento soviético nas questões espanholas durante a guerra civil, a posição de Estaline nunca foi de força, mas antes de fraqueza”.
A iniciativa conta com o apoio do British Council e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

Fundação de Serralves


EDUCAÇÃO

15 Mai - 26 Jun 2007 - das 21:30 às 23:00 - Auditório de Serralves
Há uma certa permanência de crises e de reformas em torno da educação à escala do planeta (e, já agora, do país). Com e sem resultados, a Educação não escapa à mudança que compõe todo o mundo.
Caleidoscópio da história, dos países, das sociedades, das instituições, do indivíduo, de células e até mesmo de moléculas, a educação é um ser particularmente complexo. O tempo presente é propício para a abordagem dessa complexidade.
Uma nova interdisciplinaridade gizada em novos tipos de parcerias científicas, resulta em conhecimentos sistematizados em torno das questões essenciais: desde logo, "como é que o ser humano aprende?". O conhecimento disciplinar acumulado e uma atitude transgressora de fronteiras entre disciplinas, sofisticaram os arsenais metodológicos para compreender a educação. Emerge o equívoco dos isolamentos, alimentado entre as comunidades de professores, de educadores e de investigadores. Compreende-se melhor a fisiologia da educação.
O ciclo de conferências debate sobre educação apresentará quatro fotogramas da contemporaneidade da educação. Ilustrará o papel do professor na investigação sobre como ensinar o que os alunos tradicionalmente não aprendem. Apresentará a importância da complexidade do mundo real para simplificar o processo de aprendizagem. Visitará o que só a sociedade pode ensinar a um indivíduo e espreitará os ganhos em conhecimento que emergem da sistematização rigorosa de estudos educativos.
Os fotogramas serão instantes em caminhos de fim desconhecido por onde agora se caminha. Serão expostos por quem sobre eles trabalha, reflecte e escreve. Por quem, ao transgredir a disciplina onde inicialmente foi treinado, contribuiu e contribui com novas críticas a um tema tão exaustivamente criticado.


Manuel Costa, Comissário das Conferências do bloco "Educação".


PROGRAMA

15 MAI> ERIC MAZUR (EUA)
“Alunos no papel de professores”

29 MAI> JOHN R. JUNGK (EUA)
“Uma estética alternativa: Arte & Biomatemática”

12 JUN> TOM SCHULLER (FR)
“Os benefícios sociais de aprender”
Compre o seu bilhete

26 JUN> WILLIAM SCHMIDT (EUA)
“Educação: da Investigação às Políticas”
Compre o seu bilhete


Comissário: Manuel Costa
Moderador: Alberto Amaral

O Centro Nacional de Cultura sugere...

[Jardins de serralves]

JARDINS HISTÓRICOS DO PORTO

O Centro Nacional de Cultura sugere visitas no Porto. Para lá da imagem do casario de granito apinhado e densamente construído, o visitante é surpreendido por espaços verdes, alamedas ajardinadas e amenos jardins que fazem parte do património da cidade. Eles recordam a imagem que em cada época os homens tinham da natureza, ou melhor, o "espelho do mundo".

Jardim da Cordoaria - é um dos mais antigos da cidade e está localizado Campo do Olival, outrora limite da cidade medieval. Com a urbanização desta parte da cidade, a partir do séc. XIX, aqui se veio a instalar a Cordoaria do Bispo que acabou por dar nome ao local. Em 1611 o antigo terreiro teve um arranjo paisagístico e urbanístico, transformando-se em Alameda com percursos arborizados onde, no início do séc. XIX, se realizava todos os dias uma grande feira. Com os alvores do Romantismo e sob a iniciativa de Villard d`Allen, transformou-se, em 1805, em Passeio Público da Cidade, com base no projecto do Arqº francês E. David. Era frequentado pela próspera burguesia e pela aristocracia liberal. Mantém hoje esta ambiência romântica reforçada pela colocação de estatuária reproduzida no princípio do século, com destaque para a escultura alegórica da Flora, da autoria do escultor romântico Teixeira Lopes e para as estátuas dos escritores oitocentistas Ramalho Ortigão e António Nobre.

Jardins da Prelada - foram traçados no séc. XVIII, na quinta do mesmo nome, pelo arq. Nasoni. Fizeram parte de uma propriedade privada, uma quinta de recreio onde a natureza compõe o cenário criado pelo espaço arquitectónico. Neste contexto, a água é parte integrante da paisagem construída, com destaque para o Lago numa das extremidades, com uma pequena ilha onde emerge um castelo de duas torres concêntricas. A grande escadaria de acesso, com a fonte central, é um dos percursos mais surpreendentes do conjunto barroco onde já se pronuncia um primeiro estilismo romântico

Jardins do Palácio de Cristal - tiveram a sua origem no séc. XIX quando o arquitecto paisagista francês E. David fez o arranjo do espaço envolvente do palácio de Cristal que abrigara a grande Exposição Industrial de 1865. Daqui se desfruta uma extraordinária panorâmica do rio, ao longo de um cenário idílico de árvores frondosas, carvalhos centenários, canteiros, bosque de tílias e jogos de água. Recuperados e restaurados recentemente, valorizam este espaço cultural ao ar livre, onde se realizam actividades diversas.

Jardins de Serralves - fazem parte de uma antiga quinta dos arredores da cidade, hoje integrada na área de expansão urbanística do séc. XIX e XX. De traçado modernista foram projectados nos anos 20 pelo Arqº Marques da Silva, também autor da casa de habitação onde hoje se encontra instalada a Fundação de Serralves, dedicada a actividades culturais e artísticas. O jardim tem um traçado rectilíneo e é um notável exemplar da influência art deco, com uma geometria simples e uma volumetria plana , onde o desenho do buxo e as espécies florais exprimem o gosto requintado da época. Prolonga-se em terraços sequenciais para além dos quais se estende a mata e o horto tradicional. As diversas actividades de ar livre que aqui se realizam regularmente, particularmente ligadas aos jovens e às crianças animam o espaço e desenvolvem a educação artística.

Jardim da Quinta da Macieirinha - é mais um dos cenários paisagísticos românticos do séc. XIX no Porto. Faz também parte de uma antiga quinta dos arredores, cuja residência mantém as características da época e o interior está ornamentado com objectos do quotidiano oitocentista. O conjunto foi transformado em Museu Romântico e apresentado como um genuíno testemunho histórico da época. O ambiente pitoresco é criado pela vegetação e pelos percursos traçados na natureza, à maneira dos jardins ingleses.

Fundação Calouste Gulbenkian

Evocações, passagens, atmosferas.
Pintura do museu Sakιp Sabancι, Istambul
Exposições
De 15/06/2007 a 26/08/2007
10h00 às 18h00
Sala de Exposições Temporárias do Museu

A exposição Evocações, Passagens, Atmosferas, pinturas do Museu Sakιp Sabancι, Istambul reúne um conjunto de trinta e oito obras de finais do século XIX e início do século XX, nas quais predominam vistas do Bósforo, marinhas e cenas da vida quotidiana. A mostra inclui ainda dez obras pertencentes à colecção do CAM-JAP executadas por pintores portugueses que, à semelhança dos seus contemporâneos turcos, fizeram a sua formação artística em Paris. Homenageia-se, assim, Calouste Sarkis Gulbenkian, que nasceu em 1869 na actual Üsküdar, na margem oriental do Bósforo, e morreu em Lisboa em 1955.

segunda-feira, maio 28, 2007

Incomunidade

(foto: Sabine Leve)

Estão abertas as inscrições para este filo-café.
As áreas de inscrição abrangem: pensamento, performance, teatro, música, poesia, curta-metragem, fotografia.
As inscrições podem ser feitas enviando para incomunidade@gmail.com o nome do participante e a área em que se inscreve. Qualquer dúvida poderá ser saneada através do tm: 965817337.
Estará também disponível, desde já, o habitual dossier sobre o tema aberto a todas as contribuições. Este dossier será permanentemente actualizado de acordo com as recepções.

Entre outras manifestações, proceder-se-á, neste filo-café, à apresentação do livro:

A beleza da tua alma faz-me tremer de Rogério Carrola.

incomunidade
http://incomunidade.blogspot.com

domingo, maio 27, 2007

A Busca da Felicidade


Conferências · Quinta 31 de Maio, Sexta 1 e Sábado 2 de Junho de 2007
Das 10h00 às 13h00 e das 15h00 às 18h00 · Pequeno Auditório da CULTURGEST · Entrada livre


Programa

Galeria Arte Periférica


Exposição de Mário Vela
Informações Aqui

Mário Vela revela «Cambio de Piel» em Lisboa
Mário Vela, pintor contemporâneo espanhol, regressa a Lisboa para apresentar a nova exposição intitulada «Cambio de Piel», alusiva à alteração na forma de pintar do artista. A exposição estará aberta ao público até 22 de Junho, na Galeria Arte Periférica do Centro Cultural de Belém (CCB).

A inovação reside na forma da pincelada, mais fluida e com fundos mais escuros, que dão um toque plástico às figuras. Estas pinturas mantêm a tendência da última exposição apresentada na Galeria Arte Periférica, os olhares fora da órbita das figuras, referência habitual e característica do artista. Encontram-se ainda referências da exposição «Mundo Optimista» e a sensação transmitida pelas figuras em «Cuando se para el tiempo».

«Procuro a pincelada directa, definitiva, mesmo que tenha que apagá-la mil vezes até acertar. As figuras isoladas pintam-se em séries, para que cada pessoa encontre coisas que não encontra na anterior e, quando há mais do que uma figura, é muito importante a forma como se posicionam, se abraçam ou conectam», explica Mário Vela.

A maioria das figuras aumentou de tamanho e predominam os quadros com um só indivíduo. As figuras posicionam-se num espaço neutro de uma só cor e não estão ambientadas numa paisagem, quanto muito há umas pinceladas envolventes.

Mário Vela expõe 33 quadros nesta edição, onde inclui a série «Escalas» apresentada na exposição colectiva de Dezembro na Galeria Selón, em Madrid. Nela apresentam-se cinco obras de formato quadrado de tamanhos diferentes, que crescem em escala e com referência a sucessivas etapas da vida.

Este é o décimo ano em que Mário Vela expõe as suas obras na Galeria Arte Periférica do CCB e celebra simultaneamente a sua sétima exposição individual. O artista marca presença em várias exposições colectivas e participou nos últimos dez anos na Fac (Feira de Arte Contemporânea de Lisboa) e em três edições da ARCO (Feira Internacional de Arte Contemporânea de Madrid).

SecondLife (Entretenimento ou Alienação?)


sábado, maio 26, 2007

Paulo Kellerman
















Gastar Palavras
Os mundos separados que partilhamos


Paulo Kellerman nasceu em Leiria, em 1974. Publicou, em edições de autor artesanais e limitadas, Livro de estórias (1999), Dicionário (2000), Sete (2000), Uma pequena nuvem solitária perdida no imenso azul do céu (2001), Fascículo (2002 a 2005, 75 números) e Da vida e da morte (2005). Publicou Miniaturas (2000) nas Edições Colibri e, pela Deriva, Gastar palavras, a que foi atribuído o Grande Prémio de Conto da APE em 2005. Em 2007 publicou Os mundos separados que partilhamos (Deriva).

Dinamizou diversas iniciativas literárias e colaborou em revistas, suplementos e sites. O seu trabalho, sempre na área do conto, foi distinguido por diversas vezes.

Blogue do Autor

Breve Entrevista:

sandra martins - Olá Paulo. Em primeiro lugar deixa-me dizer-te que é um imenso prazer poder contar com as tuas palavras aqui no nosso Blogue. Reparei que és bastante acessível e, até, muito dedicado a quem te deixa críticas no teu e/ ou se mostra interessado no teu trabalho. Sabendo que estas não são características de muitos escritores, posso perguntar-te como é a tua relação com os teus leitores e críticos?

Paulo Kellerman - Eu é que agradeço o convite. Relativamente à relação com os leitores, gostaria, um pouco utopicamente, que os livros fossem auto-suficientes, que falassem por si, que não fosse necessário explicá-los ou justificá-los. Mas, por uma série de razões, essa postura nem sempre é exequível e torna-se necessário ter uma posição um pouco mais activa.

s.m. Que idade tens? Qual é/ foi o teu percurso académico? O que te ocupa a maior parte do tempo?
P.K. Trinta e dois anos. Um curso de psicologia abandonado logo, logo no princípio. Trabalho em informática. Leio bastante, faço rádio. Gosto muito de não fazer nada, de saborear a simples passagem do tempo. Tenho uma filha, que quer ser pintora.

s.m. Quando começaste a escrever?
P.K. Catorze, quinze anos. Percebi que era uma forma de ser popular e apreciado, o que nessa idade é determinante. Logo aí, de um modo pouco consciente, fui intuindo que a escrita poderia ser uma forma controlada de reflexão e de auto-conhecimento, um espaço de liberdade e descoberta onde poderia colocar questões e testar respostas, especular, correr riscos. Como é óbvio a tal popularidade foi fugaz e inconsequente mas ficou esse vício de liberdade, de busca, de obsessão pela dúvida e pela possibilidade, de provocar uma reacção no outro. E também a arrogância de sentir que se tem algo a dizer, a vaidade de achar que alguém se interessa.

s.m. Além dos teus livros já publicaste ou publicas, actualmente, em alguma revista, jornal ou sítio na internet?
P.K. Publiquei em bastantes sítios mas nunca de modo regular. O local mais marcante por onde passei foi o DNa, onde publiquei meia dúzia de contos. Actualmente, e com alguma regularidade, apenas tenho publicado na Minguante, uma revista online.

s.m. Como é pertencer à geração dos que "vieram" do DN Jovem e pertencer ao mundo, cada vez mais vincado, dos blogues? Qual a razão do teu Blogue "A Gaveta do Paulo"? A sua criação foi posterior ou anterior à publicação do primeiro livro?
P.K. A Gaveta surgiu poucos dias após a apresentação pública do Gastar Palavras; a ideia foi colocar lá as estórias que não tiveram espaço no livro, e que não me apetecia abandonar; depois, fui acrescentando algumas das novas estórias que ia escrevendo. O segundo livro passou, em grande parte por lá. Vejo, actualmente, o blogue como uma plataforma de divulgação, uma espécie de portefólio interactivo. Quanto ao DN Jovem, suponho que tenha sido um incentivo determinante para muita gente, numa altura em que não existiam blogues nem editoras a cada esquina e as possibilidades de divulgar o que se escrevia eram muito limitadas.

s.m. Os teus livros publicados pertencem, ambos, à categoria de Contos. Como foi a transição de um para o outro?
P.K. Naturalíssima. Tive a preocupação, em ambos os livros, de que existisse alguma harmonia temática e técnica e não apenas colecções um pouco aleatórias de estórias. Para mim, faz sentido que esteja presente determinado conto e outro não, que esta estória surja precedida daquela e não o oposto.

s.m. Podemos esperar um romance ou um livro de poesia para breve?
P.K. Não. A área da ficção breve (chamem-lhe conto, short-story, narrativa curta, estória, tanto faz) é a que me interessa, a médio prazo, porque me permite uma maior liberdade temática e estilística, uma grande diversidade de abordagens e explorações.

s.m. Conta-nos que tal é a experiência de ser um autor reconhecido no mercado livreiro do nosso país.
P.K. Duvido muito que seja um autor reconhecido no mercado livreiro. São publicados quinze mil novos livros cada ano, autores reconhecidos são os que vendem oitenta mil exemplares.

s.m. Sei que recebeste o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, de 2005, da APE com o teu livro Gastar Palavras. O que sentiste?
P.K. Alegria e incredulidade, principalmente. É o mais prestigiado prémio a que poderia aspirar, na área em que escrevo, e durante umas horas senti-me vagamente importante. Depois, passou. Mas foi uma honra enorme, enorme.

s.m. Como surgiram os títulos Gastar Palavras e Os Mundos que Partilhamos?
P.K. São ambos títulos de estórias presentes nos respectivos livros e que retratam ideias e estados de espírito que pretendi transmitir em determinado momento mas que também resumem alguma da essência de cada um dos livros. No primeiro caso, a escolha (que agora me parece óbvia e insubstituível) foi do meu editor; no segundo, o título “Os mundos separados que partilhamos” foi quase um ponto de partida na construção do livro, uma epígrafe.

s.m. Já tentaste escrever poesia? Dada a tua experiência como escritor posso perguntar-te o que consideras mais complexo - escrever poesia ou prosa?
P.K. Nunca escrevi poesia, não posso saber o que será mais complexo. Também nunca fui um grande leitor de poesia, o que não é obviamente motivo de orgulho; mas também não é nenhuma vergonha.

s.m. Será possível levantar um pouco o véu dos teus projectos futuros para os leitores do Cultura?
P.K. Literariamente? Ainda é cedo, o último livro tem menos de três meses. Tento, a cada conto novo, desafiar-me mais um pouquinho, temática e tecnicamente; superar-me, surpreender-me a mim a próprio. E é isso que pretendo, muito genericamente, para os projectos do futuro: que não sejam, apenas, repetições.

s.m. Qual foi a sensação de ver o teu primeiro livro publicado? O que mudou na tua vida?
P.K. Nada de considerável mudou. Senti que era um sonho concretizado mas, principalmente, o princípio de um percurso, uma nova etapa que começava. Acho que quando se concretiza um grande sonho surge uma espécie de vazio melancólico, perguntamo-nos se a alegria não estaria mais na antecipação, na preparação, na luta, na possibilidade. E esse vazio tem que ser preenchido com um novo sonho, por um novo objectivo.

s.m. Tiveste alguma formação em Escrita Criativa? O que pensas desta "disciplina"?
P.K. Não. Acho que um escritor deve ser, principalmente, um bom leitor (e não só de livros mas também de pessoas, de situações, de silêncios). Deve estar atento, ser observador. E pensar no que vê, no que lê, no que sente. Interrogar-se e desafiar-me. Depois, se adquire ferramentas e metodologias, aqui ou ali, óptimo.

s.m. Em termos literários, acreditas no termo "Inspiração", no termo "transpiração" ou numa simbiose de ambos?
P.K. Resisto um pouco àquelas imagem clássicas e redutoras do artista sofredor, que passa tormentos para arrancar algo de si, ou do iluminado, que magicamente se transforma em mero instrumento de uma qualquer força misteriosa. Há, como é óbvio, uma percentagem de esforço e outra de acaso, de inexplicável. Há reflexão e silêncio, há automatismos que se desenvolvem e aperfeiçoam. Há rotinas e surpresas. Há trabalho e ambição. Há frustração e revolta. Há disciplina e intuição. Há ordem e acidente. Há vaidade e sublimação. O processo criativo parece-me demasiado misterioso e intangível, é um pouco redutor restringi-lo a uma qualquer fórmula.

s.m. Organizas o teu tempo para escrever?
P.K. Nem por isso. Nunca escrevo por obrigação, nem o faço durante muito tempo; mas também me começo a sentir um pouco desconfortável quando passo alguns dias sem escrever. De qualquer modo, para mim “escrever” não se limita ao acto físico da escrita. Há, também, a observação, a especulação, a reflexão, que antecedem e acompanham a escrita propriamente dita.

"Paulo Kellerman mostra uma desenvoltura de temas e de processos, que nos convencem e entusiasmam..." Fernando Venâncio, Expresso
"... Interessa é sublinhar o domínio técnico do estilo de Paulo Kellerman, bem como a singularidade dos enredos que lhe assomam ao papel." Hugo do Vale, MagazineArtes
s.m. Diz-me Paulo, como caracterizas o teu processo de escrita?
P.K. Se por processo se entende o método de escrita, funciona um pouco como dizia há pouco: há na realidade que me rodeia, na leitura, na observação de um quadro qualquer elemento sugestivo que me capta a atenção e me leva a especular, a interrogar, a reflectir; depois, crio uma ficção que me permita suportar e desenvolver essa especulação, essa interrogação, essa reflexão. Basicamente, em cada estória tento colocar questões e, simultaneamente, explorar possibilidades de resposta que não sejam conclusivas mas permitam conduzir a novas questões.

s.m. Os teus livros foram editados pela Deriva Editores. Como foi o processo?
P.K. O editor da Deriva leu alguns contos, gostou, quis publicar. Há coisas que de tão simples parecem mágicas, não é?

s.m. O que pensas das edições de autor?
P.K. Foi por aí que comecei, durante anos publiquei em edições de autor. Até criei uma editora só para mim, que se chamava “Sem Editora”; tudo muito apaixonado, muito utópico. O problema era, como é óbvio, a distribuição. Mas há aqui uma contradição deliciosa: apostamos tudo o que temos e somos na criação, intelectual e material, do nosso livro; mas e depois: que fazemos com ele?

s.m. Qual é a tua opinião em relação ao mundo editorial?
P.K. Não é boa, nada boa…

s.m. Achas que o público, em geral, está mais "aberto" à poesia ou ao romance? E qual será a razão, na tua opinião?
P.K. Suponho que o público, em geral, prefira o que é mais acessível, mais fácil, menos perturbador; procura entretenimento e não que o façam pensar demasiado, que o confrontem consigo mesmo, que o desafiem e questionem. Uma crítica que me fazem com alguma frequência é que ninguém está interessado em ler sobre os problemas que tem que enfrentar no dia a dia, em acompanhar situações ficcionais com que se identifique demasiado.

s.m. Que autores lês frequentemente?
P.K. Nos últimos dois anos, os norte-americanos contemporâneos. Philip Roth, John Updike e Cormac McCarthy, principalmente. Mas também Don Delillo, Joyce Carol Oates, Norman Mailer, Paul Auster.

s.m. Qual foi, até hoje, o(s) livro(s) e/ ou autor(es) que mais te marcou/aram? Porquê?
P.K. Há uma dúzia de anos marcou-me, por exemplo, o Na Patagónia de Bruce Chatwin ou o Barão Trepador de Italo Calvino, no mês passado foi o Austerlitz de W. G. Sebald. Pelo meio há dezenas de outros livros.

s.m. Paulo, que conselho darias a quem sonha retirar da gaveta as suas palavras?
P.K. Que retire, e não pense mais nisso.

Em nome do Cultura agradeço a tua disponibilidade e extrema simpatia. Desejamos que todos os teus projectos se realizem pelo melhor.

quinta-feira, maio 24, 2007

FEIRA DO LIVRO DO PORTO
PAVILHÃO ROSA MOTA
24 DE MAIO A 10 DE JUNHO

FEIRA DO LIVRO DE LISBOA
Parque Eduardo VII
24 de Maio a 10 de Junho

Antologia Poética - Convite



quarta-feira, maio 23, 2007

Luís Filipe Cristóvão

Registo de Nascimento de Luís Filipe Cristóvão [Editora LivroDoDia]


Luís Filipe Cristóvão, nasceu a 24 de Fevereiro de 1979 em Torres Vedras. Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas e pós-graduado em Teoria da Literatura pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, é sócio-gerente da Livrododia Editores e Livreiros. Publicou Registo de Nascimento (poesia, 2005) e Pequeña antologia para el cuerpo (poesia, Espanha, 2007). No prelo está E como ficou chato ser moderno, mais um volume de poemas. É, ainda, director da Revista Literária Sítio, uma publicação semestral.



Blogs do autor:
Mil Nove Sete Nove
Prazeres Minúsculos

Breve Entrevista:

s.m. Olá Luís. Em primeiro lugar quero agradecer a tua disponibilidade pois sei que és um homem bastante ocupado. :) Comecemos, portanto... Que idade tens? Qual é/ foi o teu percurso académico?

l.f.c. Depois de ter feito os estudos secundários em Torres Vedras, fui para Lisboa, onde me licenciei em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses e Franceses, em 2002. Logo a seguir entrei no Programa de Mestrado em Teoria da Literatura, da mesma faculdade, de onde saí com a pós-graduação. Em 2006 frequentei uma especialização em edição, na Universidade Católica de Lisboa.


s.m. Conta-nos que tal é a experiência de ser editor, autor reconhecido, sócio-gerente, livreiro e autor/ contribuidor de dois blogues.

l.f.c. É um problema para a minha agenda – mas é sobretudo uma maneira de me sentir vivo. Não sei como parar.


s.m. Além de tudo isto publicaste/ publicas, também, em jornais, revistas e sítios online, correcto? Quais?

l.f.c. Comecei por publicar algumas séries de crónicas em jornais regionais e universitários, aos jornais ainda volto, já sem regularidade. De resto vou participando em revistas e sítios com textos e poemas, um pouco ao sabor de convites e disponibilidades, como é o caso das minhas participações na Minguante.


s.m. O teu primeiro livro, Registo de Nascimento, é poesia. Podemos esperar um romance para breve?

l.f.c. Sinceramente, não. Confesso que é um projecto, mas a minha escrita é sempre muito ligada a uma poética do mínimo. Não escrevo o suficiente para chegar a um romance. Nem sequer tenho tempo para isso.


s.m. Como surgiu o título do teu primeiro livro?

l.f.c. Aquilo que escrevo segue uma linha, ou tem seguido uma linha, muito próxima da infância, do viver desse período, das questões que nos são colocadas perante mundos que não conhecemos, como reagimos, de certo modo, aos processos de aprendizagem, à entrada na idade adulta. Este título surgiu do encontro desta temática que tomo por minha e da vontade de o fazer segundo certas regras que não controlo. Por isso recorri a uma linguagem jurídica, tão distante da minha.


s.m. Dada a tua formação académica e a tua experiência como escritor posso perguntar-te o que consideras mais complexo - escrever poesia ou prosa?

l.f.c. Adaptando uma frase que um dia me disseram, complexo é estar vivo. Poesia e prosa são processos semelhantes, não consigo dar-lhes graus de complexidade.


s.m. Será possível levantar um pouco o véu dos teus projectos futuros, em termos de criação literária, para os leitores do Cultura?

l.f.c. O plano mais imediato é conseguir acabar a revisão do meu próximo livro, para que saia ainda antes do pico do verão. Depois tenho dois convites para publicar na Galiza e no Brasil. É a esses projectos que me dedicarei de seguida.


s.m. E, poderias revelar aos nossos leitores alguns dos autores que a LivroDoDia já editou e, possivelmente, irá editar?

l.f.c. A Livrododia tem editado vários autores no campo da poesia e da prosa. Sem desmerecer ninguém, já que todos os autores da Livrododia fazem parte de uma família que eu valorizo muito, posso destacar a Inês Leitão e o Vítor-Luís Grilo. Para o imediato, vamos publicar também um livro da Rute Mota e um do Philippe Delerm. E o futuro é prometedor, é isso que te posso dizer.


s.m. Qual foi a sensação de ver o teu primeiro livro publicado?

l.f.c. Uma sensação de alívio. Uma sensação de ter finalmente chegado a um nível mínimo para a publicação. O primeiro degrau é sempre muito alto e eu adiei esse momento ao máximo. Não me vou nunca envergonhar do meu primeiro livro, porque só publiquei depois de muito trabalho e de muita reescrita.


s.m. Tiveste/ leccionaste Escrita Criativa?

l.f.c leccionei um pequeno seminário de escrita criativa, uma coisa sem importância.


s.m. Em termos literários, acreditas no termo "Inspiração"?

l.f.c. Não. Acredito no termo trabalho, no termo investigação, no termo experimentação. Inspiração é coisa de amadores.


s.m. Organizas o teu tempo para escrever?

l.f.c. Escrevo sempre que posso, no intervalo de uma tarefa, nas horas livres, quando a cabeça pede. Não tenho um horário estipulado porque o meu trabalho não me permite tê-lo. Mas escrevo e leio todos os dias.


s.m Como caracterizas o teu processo de escrita?

l.f.c. Passo muito tempo a ler e a pensar naquilo que vou escrever. Preparo a cabeça para esse momento. Normalmente deixo passar algum tempo sobre as coisas que escrevo para depois voltar a elas. E repito esse processo várias e várias vezes, até que o texto me pareça satisfatório. O que poderão ver pelos meus livros é que regresso sempre a alguns poemas ou versos dos livros anteriores. Nunca dou nada por terminado.


s.m. O que pensas das edições de autor?

l.f.c Penso que são uma fuga para a frente. O mercado precisa de indicadores em relação aos livros que lhe chegam, que aparecem disponíveis. E uma edição de autor está marcada deste o início por essa ausência de suporte.


s.m. Uma vez que estás dentro do "monstro", qual é a tua opinião em relação ao mundo editorial?

l.f.c. É um mercado como outro qualquer. A noção de cultura está apagada da maior parte do processo. Existem especificidades, mas no geral é gestão. Um mundo como qualquer outro, afinal.


s.m. E, administrando uma livraria e editora, achas que existem mais leitores de poesia ou romance? E qual será a razão?

l.f.c. Existem claramente muitíssimos mais leitores de romance. Ler poesia é como visitar uma língua estrangeira.


s.m. Quem foi, até hoje, o/ a escritor(a) mais fascinante com quem trabalhaste?

l.f.c. O que me fascina nos escritores é a sua capacidade de inventarem a cada passo. Existem alguns que me fazem acreditar que isso é possível.


s.m. Alguma vez te aventuraste no mundo dos Prémios Literários?

l.f.c. Concorri a alguns. Ganhei duas vezes. Deu para viajar.


s.m. Quando começaste a escrever?

l.f.c. Tenho umas rimas escritas em cadernos da primeira e da segunda classe. Começou aí a aventura com as palavras. Mas terá sido aos 15, 16 anos, que descobri que queria escrever mesmo escrever, como os escritores. Ainda não sei se o consegui.


s.m. Que autores lês frequentemente?

l.f.c. Não tenho nenhum autor que considere mestre. Acho que a variedade de leituras é a melhor forma de não nos enganarmos a nós próprios.


s.m. Qual foi, até hoje, o livro e/ ou autor que mais te marcou? Porquê?

l.f.c. Existem três livros que começaram qualquer coisa em mim. Os Cem Anos de Solidão, do G.G. Marquez, A Insustentável Leveza do Ser, do Milan Kundera, e A Náusea, do J.P. Sartre. Talvez nenhum deles seja o meu livro preferido do momento, mas foram livros que foram importantes para mim porque me abriram muito a cabeça. Abriram como ela precisava de ser aberta na altura.


s.m. Que conselho darias, como escritor e editor, a quem sonha retirar da gaveta as suas palavras?

l.f.c. Ler mais.


s.m. Escolhe um poema, do Registo de Nascimento, para acompanhar a tua entrevista, s.f.f.


lembra-se, lembra-se de tudo tudo

os cinco os seis os doze os quinze

lembra, lembra-se

infinitamente

em todos os momentos,

como se pode esquecer

o pai e a mãe sentados na mesa da cozinha

os irmãos a brincar cada um numa ponta da casa

lembrar lembrar

noites em frente da televisão

alguém que bate à porta

o avô morreu

lembrar lembrar

o silêncio de quem não fala

sentados na cozinha

deitados na cama

lembra-se, lembra tudo,

o corpo o corpo o corpo

quem é que tem corpo quando a cabeça estala e explode

mil pedaços de lembranças

a que não se consegue escapar.


in Registo de Nascimento, pág. 61


Muito sucesso no futuro, Luís, são os nossos votos. :)