segunda-feira, novembro 27, 2006

Mário Cesariny - o luto


O Presidente da República, Cavaco Silva, lamentou a morte do poeta e pintor surrealista Mário Cesariny, a quem descreve como "um dos nomes cimeiros da cultura portuguesa no século XX".

"Em nome dos portugueses e em meu nome pessoal, apresento sinceros pêsames à família de Mário Cesariny de Vasconcelos, um dos nomes cimeiros da cultura portuguesa no século XX", escreve Cavaco Silva numa mensagem de condolências enviada à família do poeta.

"No momento da sua morte, rendo a minha homenagem a esse grande artista que foi Mário Cesariny de Vasconcelos", sublinha ainda o Presidente, lembrando o poeta e um pintor "extraordinário".

Cavaco Silva refere que o nome e a obra de Cesariny "ficarão na memória como um testemunho da liberdade que apaixonou a sua geração e que é condição essencial de toda a obra de arte".

Mário Cesariny de Vasconcelos, que sofria há vários anos de cancro, morreu na madrugada de Domingo, em sua casa, em Lisboa, aos 83 anos.

Espólio de Cesariny integrará Centro de Estudos do Surrealismo em Famalicão

O espólio do poeta e pintor Mário Cesariny foi doado à Fundação Cupertino de Miranda, em Famalicão, onde a autarquia prepara a construção de um Centro de Estudos do Surrealismo (CES).

O poeta e pintor Mário Cesariny foi considerado o principal representante do surrealismo português, tendo integrado, em 1947, o Grupo Surrealista de Lisboa.

Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Famalicão, Armindo Costa, explicou que o CES vai ser construído de raiz, sob o projecto do arquitecto Duarte Nuno, numa "zona nobre", entre o parque urbano e o centro da cidade. "A expectativa mais optimista é a de que obra arranque até ao final deste mandato autárquico" em 2009, afirmou.

O autarca – que disse não poder calcular nesta fase o custo global da obra – admitiu que possa integrar um conjunto de equipamentos financiáveis pelo Governo, caso seja aprovada a candidatura do vizinho município de Guimarães a Capital Europeia da Cultura de 2012. Armindo Costa afirmou que o seu homólogo de Guimarães "já referiu o seu desejo de transformar a Capital Europeia da Cultura num projecto congregador das potencialidades culturais da região".

A gestão do futuro centro será feita numa parceria da Câmara Municipal e da Fundação Artur Cupertino de Miranda, à qual Mário Cesariny doou, há alguns meses, um espólio constituído por biblioteca, desenhos e pinturas. O poeta e pintor seguiu o exemplo do amigo Cruzeiro Seixas que em 1999 doara já a totalidade da sua colecção à fundação de Famalicão, com vista à construção do centro de estudos.

Para Armindo Costa, que por inerência do cargo é também dirigente da fundação, ao juntar os dois importantes espólios, Famalicão "será, doravante, incontornável para quem quiser estudar o movimento surrealista português".

O presidente da Câmara esclareceu que Cesariny não tem raízes em Famalicão, mas decidiu confiar-lhe o seu espólio porque "viu que havia na cidade vontade e garantia de que seria preservado e dinamizado".

Fonte: Público