O Presidente da República, Cavaco Silva, lamentou a morte do poeta e pintor surrealista Mário Cesariny, a quem descreve como "um dos nomes cimeiros da cultura portuguesa no século XX".
"No momento da sua morte, rendo a minha homenagem a esse grande artista que foi Mário Cesariny de Vasconcelos", sublinha ainda o Presidente, lembrando o poeta e um pintor "extraordinário".
Cavaco Silva refere que o nome e a obra de Cesariny "ficarão na memória como um testemunho da liberdade que apaixonou a sua geração e que é condição essencial de toda a obra de arte".
Espólio de Cesariny integrará Centro de Estudos do Surrealismo em Famalicão
O espólio do poeta e pintor Mário Cesariny foi doado à Fundação Cupertino de Miranda, em Famalicão, onde a autarquia prepara a construção de um Centro de Estudos do Surrealismo (CES).
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Famalicão, Armindo Costa, explicou que o CES vai ser construído de raiz, sob o projecto do arquitecto Duarte Nuno, numa "zona nobre", entre o parque urbano e o centro da cidade. "A expectativa mais optimista é a de que obra arranque até ao final deste mandato autárquico" em 2009, afirmou.
O autarca – que disse não poder calcular nesta fase o custo global da obra – admitiu que possa integrar um conjunto de equipamentos financiáveis pelo Governo, caso seja aprovada a candidatura do vizinho município de Guimarães a Capital Europeia da Cultura de 2012. Armindo Costa afirmou que o seu homólogo de Guimarães "já referiu o seu desejo de transformar a Capital Europeia da Cultura num projecto congregador das potencialidades culturais da região".
A gestão do futuro centro será feita numa parceria da Câmara Municipal e da Fundação Artur Cupertino de Miranda, à qual Mário Cesariny doou, há alguns meses, um espólio constituído por biblioteca, desenhos e pinturas. O poeta e pintor seguiu o exemplo do amigo Cruzeiro Seixas que em 1999 doara já a totalidade da sua colecção à fundação de Famalicão, com vista à construção do centro de estudos.
Para Armindo Costa, que por inerência do cargo é também dirigente da fundação, ao juntar os dois importantes espólios, Famalicão "será, doravante, incontornável para quem quiser estudar o movimento surrealista português".
O presidente da Câmara esclareceu que Cesariny não tem raízes em Famalicão, mas decidiu confiar-lhe o seu espólio porque "viu que havia na cidade vontade e garantia de que seria preservado e dinamizado".