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Mais informações na página Sete Sóis Sete Luas
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![]() Dois corpos, duas guitarras eléctricas. Uma história feita de encontros e confrontos electrizantes, que nos leva a percorrer diferentes emoções através do enlace voluptuoso entre movimento e som. PUBLICO.PT
Horários: Quinta a Sábado às 22h00 Local: Lisboa, Teatro da Politécnica - R. Escola Politécnica, 56 Telefone: 213955209 Preço: 8€. |
A 4.ª edição do Festival Cool Jazz Fest começa sábado, em Oeiras, com um concerto de Teresa Salgueiro & Septeto de João Cristal, que irão apresentar temas do novo álbum da cantora, intitulado «Você e Eu».
No Jardim do Marquês de Pombal, a partir das 22:00, Teresa Salgueiro & Septeto de João Cristal fazem o arranque do festival, promovido pela Música no Coração, que decorre até 22 de Julho em Oeiras, Cascais e Mafra com a presença de Norah Jones e Mariza, entre outros artistas do cartaz.
Também no Jardim do Marquês de Pombal, a 02 de Julho, estará o trio internacional Gotan Project para tocar tango misturado com batidas do trip-hop britânico.
Mariza actuará a 08 de Julho no Jardim do Cerco, em Mafra, com a Orquestra Sinfonietta de Lisboa, dirigida por Jacques Morelenbaum, com a participação especial de Carlos do Carmo, Tito Paris e Rui Veloso, que irão contribuir com ritmos africanos e rock.
A 10 de Julho, no mesmo local, estarão os Buena Vista Social Club para um concerto de jazz cubano, que junta ritmos africanos e americanos.
Guajiro Mirabal (trompete), Manuel Galbán (guitarra), Cachaito López (contrabaixo) e Aguaje Ramos (trombone) integram o grupo cubano de músicos veteranos.
Nesta edição do Cool Jazz Fest actuam ainda os Nouvelle Vague, a 15 de Julho, na Casa da Pesca, em Oeiras, para interpretar temas da pop, new wave e jazz-bossa nova dos anos 80.
A pianista e cantora norte-americana Norah Jones, uma das vozes emergentes do jazz mas já muito aclamada, nomeadamente com a conquista de oito Grammy, dará um concerto no Casino Estoril a 22 de Julho.
Cantora e compositora, Norah Jones, irá interpretar baladas de jazz, folk e pop no dia 22 de Julho, nos Jardins do Casino Estoril.
Fonte: Diário Digital / Lusa5 e 6 Jul
Quinta e sexta às 21h00
O Festival de Almada no São Luiz.
Aliki Kayaloglou 10 Jul A poesia e música grega ao encontro do fado e do tango ENTRADA LIVRE (sujeita à lotação da sala) Romeu e Julieta 13 e 14 Jul O Festival de Almada no São Luiz. Clique no Título de cada Espectáculo para ver Programa, Preços e outro tipo de informações...
Jardim de Inverno
Terça, às 21h30
Sala Principal
Sexta e sábado às 21h00
Ricardo II |
Sala Garrett |
até 08 de Jul 2007 |
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3ª a SÁB. 21H00 DOM. 16H30 COM ANTÓNIO JÚLIO | CARLOS PIMENTA | CÁTIA PINHEIRO | DANIEL PINTO | FLÁVIA GUSMÃO | GONÇALO AMORIM | HUGO CAROÇA | JOÃO PEDRO VAZ | JOÃO RICARDO | JOSÉ NEVES | LUÍS ARAÚJO | MARTA GORGULHO | PEDRO GIL PEDRO PERNAS | WAGNER BORGES
O Rei Ricardo envia Bullingbrook, duque de Hereford e seu primo, para o exílio e confisca-lhe os bens para usar na guerra contra a Irlanda. Mas este usa isso como pretexto para se revoltar e consegue o apoio de um número crescente de nobres. Ricardo, pelo contrário, vai perdendo apoiantes e quando regressa da Irlanda é obrigado a submeter-se ao primo. Abdica do trono a favor de Bullingbrook, que passará a assumir o título de Henrique IV, e acaba por ser preso e depois assassinado, a instâncias do novo rei, que encerra a peça queixando-se dos imperativos do poder. |
| No ano em que passam 140 anos de existência, o Teatro da Trindade homenageia a actriz e vai descerrar uma placa evocativa do seu trabalho no Salão Nobre do teatro. A cerimónia vai acontecer a 20 de Julho e celebra também a centésima representação do espectáculo. Passada em meados do século XX, de 1948 a 1973, em Atlanta, no sul dos Estados Unidos, Miss Daisy conta a história de uma senhora judia, Daisy Werthan, e do seu motorista, Hoke Coleburn. De início, Miss Daisy não fica muito contente por se ver forçada a depender de um homem negro, contratado pelo seu filho, Boolie Werthan. Mas Hoke conquista-a pacientemente, com a sua dignidade e sentido de humor, e durante os vinte e cinco anos em que decorre a acção geram-se laços profundos de amizade e de compreensão. Fontes: Público e SIC online |
a Fundação Cultursintra
apresenta:
Folia!
Mistério de uma noite de Pentecostes
Texto: Paulo Borges
Encenação: Rui Mário
Pelo Teatro TapaFuros
«A noite abre-se em luz. Nocturno cantado em voz de árvore, de atento mocho. Vozes muitas que anseiam paz. Vozes do mundo, no mundo... Folia nos ilumina, folia nos inflama! Flama de cor a romper solidão, a romper surdos gritos. Dos caminhos da Terra surgem homens e mulheres que sentiram uma voz que chama, em chama. Arde-lhes no peito. É o tempo? Os portões abrem-se, a mansão tem muitas portas, luz habita os salões e ri do serão... Esta a luz que vestirão. Homens e mulheres da Terra, convidados para a festa da Luz, convidados em mistério.» Rui Mário
Quinta da Regaleira - Sintra
de 5 de Julho a 8 de Setembro
5ª a Sáb.: 22h || Dom.: 20h
Um novo desafio para o Teatro TapaFuros: Após uma trilogia de clássicos ingleses, pretende-se, nesta 5ª produção de rua para os fantásticos jardins da Quinta da Regaleira, realizar um espectáculo de grande impacto estético e de forte intervenção com o público assistente. Este será, aliás, convocado para operar o discorrer e acção do próprio espectáculo, participando como personagem activo!
A Fundação Cultursintra, apresenta Folia! Mistério de Uma Noite de Pentecostes, pelo Teatro TapaFuros. Apresentar-se-à como um espectáculo transdisciplinar de carácter volante, em que teremos música ao vivo – sob a direcção musical de Pedro Hilário, contaremos coreografia de Mercedes Prieto, com design de figurinos de Pedro Marques, cenografia/adereços e vídeo de Rui Zilhão com um elenco de oito actores acompanhados por quatro músicos.
espectáculo ao ar livre de caracter volante
aconselha-se agasalho e calçado confortável
espectáculo aconselhado para maiores de 12 anos
Direcção Musical/Arranjos: Pedro Hilário
Coreografia: Mercedes Prieto
«Folia ! propõe a recriação em termos contemporâneos da experiência da iniciação e da festa comunitária, associada a uma viagem pelo imaginário mítico, histórico e cultural português. (...) Folia ! – que se assume como corolário, mas não conclusão, das Comemorações do Centenário do Nascimento de Agostinho da Silva – propõe que as noites de verão na Quinta da Regaleira se tornem ainda mais feéricas e que possamos trazer esse espírito para as nossas vidas, celebrando-as como a quinta-essência deste Mistério de uma Noite de Pentecostes. » Paulo Borges
Texto: Paulo Borges; Encenação/Direcção Artística: Rui Mário; Dramaturgia: Paulo Borges, Teatro TapaFuros; Direcção Musical/ Música Original: Pedro Hilário; Direcção de Actores: Samuel Saraiva; Interpretação: Carla Dias, Filipe de Araújo, João Vicente, Mário Trigo, Rute Lizardo, Samuel Saraiva, Vera Fontes; Músicos: Alexandre Leitão, António Neves, Jorge Domingues, Miguel Costa; Coreografia: Mercedes Prieto; Desenho de Luz: José Miguel Antunes, Mário Trigo; Design / Web: Pedro Marques; Fotografia: Sérgio Santos; Figurinos: Elisabete Figueira, Pedro Marques; Costureiras: Ana Tobias, Doroteia Tobias; Luminotécnia: Fábio Ventura, Facas Valente, João Rafael, Laura Scheidecker; Apoio à Montagem: Emanuel Ventura, Gonçalo Africano; Direcção de Cena: Marco Martin, Rui Mário, Sónia Tobias; Frente de Sala: Ana Rita Neves, Catarina Trindade, Inês Amaro, Joana Martins, Maria Silva, Tânia Tobias; Produção Executiva: Sónia Tobias; Direcção de Produção: Marco Martin
Encontra-se em funcionamento o Restaurante da Quinta da Regaleira – reservas 964 612 154, onde poderá comodamente jantar antes do início do espectáculo.
Apoios:
Lisboa, Porto e Coimbra acolherão até 24 de Junho a primeira Mostra de Cinema Romeno em Portugal.
Organizada pelo Instituto Cultural Romeno de Lisboa, a mostra apresenta filmes de Longa e Curta-metragem, bem como documentários realizados por cineastas contemporâneos romenos.
Este evento pretende chamar a atenção para uma cinematografia em pleno renascimento. Após atravessar uma crise nos anos oitenta, o cinema romeno ressurgiu em 1990 com o advento de realizadores como Radu Mihaileanu, Nicolae Cranfil ou Titus Munteanu.
A tão esperada mostra tem por missão prestar homenagem à "nova vaga" de realizadores como o Cristi Puiu (realizador do premiado "A morte do senhor Lazarescu"), Corneliu Porumboiu e Catalin Mitulesco (ambos premiados em Cannes), entre outros.
Os doze filmes propostos, anteriormente premiados em vários festivais internacionais, têm em comum o facto de por intermédio da ficção ou do documentário, explorarem as mudanças da sociedade romena.
"A morte do Sr. Lazarescu", "Foi ou não foi", "Como é que passei o fim do mundo" e "Tráfego", são algumas das obras que marcarão presença nesta reunião do melhor da cinematografia romena actual.
ESTRELLA MORENTE
FLAMENCO
Produção: CCB/UGURU
DAS PADEIRAS
Ana Gouveia e Marina Nabais
A inauguração da exposição "Encompassing the Globe", que mostra a influência dos Descobrimentos portugueses noutras culturas ao longo dos séculos XVI e XVII e reúne 260 peças provenientes de museus e colecções particulares de todo o mundo, vai ocorrer hoje, num evento organizado em Washington pela Smithsonian Institution, uma das maiores instituições culturais norte-americanas.
Cavaco Silva vai visitar a exposição durante a tarde (hora local) e à noite participa, como convidado de honra, num jantar de gala que assinala a inauguração e que termina com um espectáculo de fado, com Mariza.
Temos o prazer de convidar para a Exposição de SiG Mosaics na Quinta do Ermo sábado 30 de Junho entre às 10h e 17h
Todas as peças são feitas à mão pela artista Kerrin Forster Lobato de Faria
Peças à venda incluem mesas, vasos, pratos, espelhos e peças decorativas entre outros
Preços a partir dos € 15
Contamos consigo para desfrutar de uma experiência única na beleza envolvente da Quinta do Ermo.
A entrada é gratuita e o Vinho Verde da Quinta do Ermo será servido
Para maiores informações acerca da artista e o seu trabalho visite www.sigmosaics.com ou contacte a Kerrin no nº telemóvel 919516600
Para maiores informações acerca da Quinta do Ermo e como chegar visite www.quintadoermo.blogspot.com ou contacte a Daniella no nº telemóvel 936077561
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Como chegar à Quinta do Ermo
Entrevista
sandra martins - Olá Pedro. É um imenso prazer poder contar com as suas palavras aqui no nosso Blogue. Noto que é bastante dedicado ao mundo da divulgação artística e à interacção com os leitores e futuros escritores do nosso país, posso perguntar-lhe como é a relação com os seus leitores e críticos?
Por outro lado, e como o feedback é, sempre, algo de muito importante sob o meu ponto de vista, constituí, ao longo do tempo, aquilo que costumo chamar de “Conselho de leitores”, que mais não é do que um grupo de pessoas, das mais diversas áreas - e que, em muitos casos, nem sequer conheço pessoalmente -, que tem a seu cargo a tarefa de ler as obras que vou produzindo, ainda em bruto, e, depois, oferecerem-me as suas indicações – genéricas e também mais específicas. Isso é, efectivamente, decisivo para mim.
Dentro desse “Conselho” pode encontrar-se críticos literários, escritores e pessoas da área; mas também pode encontrar-se pessoas que em nada estão ligadas, profissionalmente, à escrita ou à arte, mas que podem, por serem leitores dedicados, ser de uma utilidade enorme para mim e para determinados pormenores – técnicos, temáticos e estilísticos.
s.m. Qual é/ foi o seu percurso académico? O que lhe ocupa a maior parte do tempo?
P.F. Depois de terminar o ensino secundário, estudei, em Lisboa, durante quatro anos, Linguística. Foi um curso extremamente útil, ensinando-me bastante sobre o funcionamento da língua e oferecendo-me, assim, uma base de sustentação sólida para o que haveria de ser – e então já o era, também – o meu trabalho.
s.m. Quando começou a escrever?
P.F. A língua portuguesa é – e sempre foi – o meu instrumento de trabalho, e, ao mesmo tempo, a minha paixão. Escrevo, profissionalmente, desde os dezassete anos, quando me iniciei – e logo como chefe de redacção. Desde então, nunca mais parei de estar ligado à produção escrita. Mas já antes dessa idade escrevinhava umas coisas – coisas de adolescente, que, orgulhoso, mostrava à família que, como é natural, dizia que eu iria ser o próximo Fernando Pessoa.
Na verdade, tenho a firme consciência de que só o treino fez com que pudesse estar a um nível que considero aceitável. E, para isso, foi fundamental, mesmo, o meu percurso profissional, que fez com que escrevesse desde livros sobre automóveis até biografias, passando por crónicas desportivas e de humor, não esquecendo os textos publicitários, o guionismo, etc. Enfim, todas estas formas de escrita, apesar de aparentemente desconexas entre si, foram – e são – pilares de trabalho que me forneceram pistas e moldes utilíssimos para conseguir produzir aquela que, para mim, é a arte derradeira, a arte que tudo pode aglutinar dentro de si: o romance.
P.F. Já publiquei, para além dos dois títulos que refere, mais duas obras – “Já Alguma Vez Usaste o Sexo sem Necessitares de Usar o Corpo” e, mais recentemente, “Os Dias na Noite”. Para além disso, escrevo, como referi na resposta anterior, em variados suportes. Na vertente literária propriamente dita, escrevo para publicações regionais e nacionais pequenas crónicas de ficção – que muitas das vezes se revestem de um cariz filosófico –, ao mesmo tempo em que colaboro, também, com a revista de micronarrativas “Minguante” e com algumas revistas e sites na área dos textos de humor – uma área que também me tem vindo a fascinar bastante.
Continuo, ainda, a dedicar-me ao guionismo – está para breve a estreia de uma curta-metragem – e à escrita jornalística e publicitária (o copywriting, que, confesso, me dá um prazer enorme).
A internet, por seu turno, está também bem presente na minha produção. Para além de alimentar os meus sites pessoais, vou colaborando com alguns outros – não sei dizer não a um convite e as coisas têm-se acumulando – e até tenho um site, bem conhecido na rede, em que assino sob pseudónimo. E tem sido extremamente profícuo escrever sem que saibam quem sou – sem que haja uma espécie de pré-leitura (derivada do conhecimento do autor). O feedback, assim, é mais puro – mais imaculado.
P.F. É um mundo fascinante mas que pode, como todos os mundos – como o mundo em sentido lato –, ter, dentro de si, potencialidades eventualmente perversas. O importante é saber usá-lo e não deixar que seja ele a usar-nos. É isso que procuro fazer: colocá-lo ao meu dispor e não deixar que seja ele a ter-me ali, sempre, às suas ordens.
Os suportes que refere são, todos, posteriores ao lançamento da primeira obra de ficção, e surgiram, em primeira análise, como resposta a esse desejo – meu e dos leitores – de criação de uma ponte entre quem escreve e quem lê. E penso que foi uma decisão acertada. A prova disso é que todos os locais – entretanto fui criando mais – estão vivos, são visitados e, mais importante do que isso, bem visitados.
P.F. Terei de acrescentar, a essa questão, a recepção aos dois últimos que, sobretudo em relação a “Os Dias na Noite”, tem sido ainda melhor. Tive o prazer de ler, em jornais nacionais, pessoas que muito respeito a defenderem que eu poderia ser um dos grandes escritores deste país e que era, desde já, um grande escritor. É evidente que isso me envaidece bastante e que funciona, sobretudo, como um factor de motivação para não parar – não que eu, caso isto não acontecesse, fosse parar –, para seguir o meu percurso.
No que diz respeito à transição entre livros, não se poderá, sequer, falar nela. As obras que vou publicando estão, regra-geral, colocadas em pousio; isto é: já foram escritas há algum tempo e esperam, apenas, a hora de saírem da sombra e encontrarem o sol das livrarias. Tenho tentado, desde que iniciei a publicação das minhas obras ficcionais, manter uma distância, entre livros, de cerca de meio ano. Mas, feliz ou infelizmente, o meu ritmo de produção é superior ao meu ritmo de publicação, o que faz com que as obras se acumulem aqui em casa.
P.F. Foi uma sensação de justiça. E quando falo em justiça não falo em mérito qualitativo – que é sempre, para todos, altamente subjectivo; falo, isso sim, em mérito quantitativo – se assim lhe poderemos chamar. Quando lancei o primeiro livro tinha já escrito milhares de páginas e alguns romances. Foram, todos, treinos para a mão. E, nesse sentido, ter finalmente algo publicado foi a justiça de compensar todo esse labor incessante.
s.m. Conte-nos que tal é a experiência de ser um autor reconhecido no mercado livreiro do nosso país.
P.F. Não sou, de todo, um autor reconhecido no mercado livreiro. Isso é que irónico naquilo que apelida de mercado livreiro: os leitores conhecem-me mas o mercado não. Ou então sou eu que não conheço o mercado e estou a confundi-lo com outra coisa qualquer. Mas a opinião que tenho dele – do mercado – é a de que não é boa pessoa. Ou então, se calhar, é a de que ele nem sequer é uma pessoa.
P.F. Os títulos são, para mim, uma das áreas mais fascinante de criação – ou não fosse eu, também, copywriter. Nos casos que refere, a escolha foi diferente: enquanto que em “Mata-me” se tratou, somente, de escolher uma das palavras que mais era repetida ao longo da obra; no caso de “O Evangelho” foi mais o encontrar de uma definição, genérica, do que na obra se poderia encontrar.
s.m. Fale-nos um pouco de cada uma das suas obras.
P.F. “Mata-me” é uma novela curta, dolorosa, cruel até. Viaja entre dois planos narrativos – e temporais – e está escrita numa prosa rendilhada, trabalhada, no limiar da prosa poética.
“O Evangelho da Alucinação” é um microdicionário, um género nunca visto até então. Está dividido por entradas lexicais, como um dicionário, e vai avançando de forma alfabética. Termina, depois, com um pequeno conto de ligação com o dicionário. É uma obra na fronteira do filosófico.
“Já Alguma Vez Usaste o Sexo sem Necessitares de Usar o Corpo” é uma junção de duas artes: o desenho, com trabalhos do Rui Laranjeiro (um artista de grande talento) e textos da minha autoria. É, este sim, um livro de aforismos filosóficos completamente assumidos enquanto tal.
“Os Dias na Noite” é um romance, escrito em três planos narrativos, muito movimentado – está sempre qualquer coisa a acontecer – mas que pode, também, ser alvo de uma leitura mais profunda. Costumo dizer que pode ser uma droga leve ou uma droga dura – dependendo do leitor que o encarar.
P.F. São provas diferentes. Uma – a prosa – é uma prova de fundo, uma maratona. Exige capacidade de resistência e uma força de vontade inabalável. A outra – a poesia – é uma prova de velocidade, em que tudo se resolve em menos tempo e em que o estado de espírito do momento pode, apesar de a entrega e força de vontade serem também decisivas, fazer a diferença.
Pessoalmente não tenho preferências: escrevo. E é tudo.
P.F. Frequentei, no meu tempo universitário, diversos ateliers de Escrita Criativa. O que posso revelar é que me foram extremamente úteis e me permitiram escrever ainda mais. Penso que é isso que se deve esperar deles: que nos obriguem, ou motivem, ainda a escrever mais e mais, – obviamente com a aprendizagem, aqui e ali, de algumas noções ou dicas interessantes.
O importante, neste ponto, é fazer as pessoas entenderem que os ateliers de Escrita Criativa não vão ensinar ninguém a escrever; vão ser, isso sim, mais uma fonte de treino. Apenas isso. E, nesse sentido, são extremamente úteis – para principiantes e, também, pela partilha de conhecimentos entre os participantes, para consagrados.
s.m. Sei que iniciou um programa de Criação Literária denominado “Fábrica de Escrita” – poderá explicar aos nossos leitores do que se trata?
P.F. A “Fábrica de Escrita” é um projecto – já com mais de um ano de existência – em que se procura trabalhar sobre todas as áreas da escrita. Temos escolas de escritores – uma de jovens e outra de adultos – e vamos, um pouco por todo o país, realizando ateliers de escrita. Já estivemos em Aveiro, Porto, Amarante, Guimarães, etc. Vamos estar, ainda este ano, também nos Açores.
Já orientei mais de mil horas de sessões de escrita criativa e é algo que me dá um grande gozo. É fantástico observar a evolução que, com o correr do tempo, os operários da escrita, como lhes chamo, vão sofrendo. É mágico.
Mas a “Fábrica de Escrita” não trabalha, apenas, na organização de ateliers de escrita. Produzimos, também, textos para os mais diversos formatos: publicidade, guionismo, jornalismo, etc.
É, no fundo, aquilo que a sua denominação indica: uma fábrica de escrita.
s.m. Neste seu projecto podemos encontrar alunos das mais variadas idades. Como é trabalhar com um público tão diversificado? Qual é o feedback?
P.F. Como referia na resposta anterior, é mágico ver a evolução, em todos os operários – ou quase – de dia para dia. Recebemos pessoas das mais diversas áreas de formação e das mais diversas idades e é fascinante perceber o crescimento que vão tendo de sessão para sessão. É um trabalho altamente enriquecedor.
s.m. Em termos literários, acredita no termo "Inspiração", no termo "Transpiração" ou na sua simbiose?
P.F. A inspiração existe, de facto; é o momento que antecede a expiração. É só nessa inspiração que acredito. A outra é um mito.
Tudo é trabalho: e eu poderei ser a prova provada disso mesmo. Quando visito os meus escritos do tempo em que acreditava na inspiração e me deixava estar, quieto e introspectivo, à espera das ideias – à espera da inspiração -, chego a envergonhar-me daquilo que leio. Se tivesse continuado com essa perspectiva – romântica e irreal –, hoje não seria capaz de escrever nada que pudesse ser, no mínimo, fraco. Era péssimo. Mas – e essa é uma prova inexorável daquilo que afirmo –, mesmo sendo péssimo, consegui atingir um nível que considero, já, publicável. Logo: não acredito no dom; ou melhor: acredito no dom de ter força para trabalhar. Costumo dizer que só quando dói é que a literatura está a ser, realmente, boa.
s.m. Sente necessidade de organizar o seu tempo para escrever?
P.F. A minha vida é escrever. Assim sendo, toda a minha agenda é organizada em função da escrita. O que faço é segmentar os tipos de escrita: humor, ficção, biografias, etc.
s.m. Como caracteriza o seu processo de escrita?
P.F. Intensivo. Obsessivo. Escrevo, em média, oito horas por dia.
s.m. Os seus livros foram todos editados pela Corpos Editores? Como foi o processo?
P.F. O último foi editado pela INDIEbooks. No caso da Corpos foi um processo simples: enviei os textos, gostaram e avançámos.
s.m. O que pensa das edições de autor?
P.F. Acredito que as edições de autor são um refúgio que pode, e deve, ser melhorado e melhor acolhido no mercado. Há grandes obras publicadas em edição de autor. E haverá, tenho a certeza, muitas por publicar.
s.m. Qual é a sua opinião em relação ao mundo editorial?
P.F. Maquiavélico. Canibal. Come, sem misericórdia, quem não tiver uma carapaça de aço.
s.m. Acha que o público, em geral, é mais sensível à poesia ou ao romance? E qual será a razão?
P.F. O romance é inequivocamente mais vendável. Tem movimento, tem acção, tem enredo – tem, no fundo, a vida mais vida; mais palpável. Entendo perfeitamente que assim seja.
s.m. Que autores lê frequentemente? E que autores aconselha aos seus alunos da “Fábrica de Escrita”?
P.F. Sou adepto das drogas pesadas. Mas costumo dizer que mais vale consumir das leves que nenhuma. Em relação a nomes, gosto de fragmentos, apenas, de muitos autores: Camus, Lobo Antunes, Fiódor Dostoiévski, Marguerite Duras, Gonçalo M. Tavares, Haruki Murakami, entre muitos outros. E são esses mesmo que procuro recomendar aos operários da fábrica.
s.m. Qual foi, até hoje, o(s) livro(s) e/ ou autor(es) que mais o marcaram? Porquê?
P.F. Não houve um autor ou um livro, em específico, que me tivessem marcado. Sou um leitor analítico e, nesse sentido, delicio-me com pedaços, com fragmentos de obras. Fragmentos de verdadeira magia – etéreos mesmo. E encontrei momentos desses em obras de todos os autores que referi na questão anterior.
s.m. O que nos reserva para um futuro próximo, em termos de criação literária?
P.F. Está em agenda o lançamento de mais uma obra de ficção até ao final do ano. Estou, ainda, em processo de selecção de entre as muitas que tenho em pousio.
Por outro lado, estará, em muito breve, no mercado uma colecção de biografias de grandes nomes da história mundial, que também foi – e ainda está a ser – redigida por mim.
Vai ser filmada, também em breve, uma curta-metragem da minha autoria.
Há, ainda, outros projectos; mas estão em fase embrionária e seria demasiado precoce expô-los neste momento.
s.m. Pedro, que conselho daria a quem sonha melhorar o seu processo de escrita e, por fim, publicar as suas palavras?
P.F. Nunca parar; nunca ceder à tentação de um programa de televisão ali ao lado quando se tem tempo – e vontade – para escrever. Alguém, um dia, terá dito que é necessário, para se ser, mesmo, escritor, optar entre viver e escrever o viver. É essa a opção que têm de tomar. Eu já tomei a minha.
Em nome do Cultura agradeço a disponibilidade, a extrema simpatia e vejo-me forçada a referir, neste espaço, a elevada modéstia que encontrei no seu carácter. Por tudo isto parabéns e muito sucesso. Estaremos aqui para o ler.