Título: “Mataram o Chefe de Posto”
Autor: E. S. Tagino
Editora: Saída de Emergência
SOBRE O LIVRO
“Mataram o Chefe de Posto” é um romance sobre a guerra colonial: uma guerra psicológica, quase sem tiros, mas tão mortífera e brutal como qualquer outra. Mas, acima de tudo, uma guerra adversa, e condenada à partida, contra as forças mais perenes e inexpugnáveis da natureza.
Romance de descoberta do amor e de crescimento pessoal do alferes Ferreira e dos seus homens. Tudo numa caminhada iniciática de iluminação espiritual que trará os sobreviventes da idade das trevas até ao limiar da claridade mais auspiciosa. Porque o alferes Ferreira, o furriel Geraldes e o furriel Carmo, o cabo Bacalhau e o condutor Piruças, são, afinal, apenas versões do mesmo jovem português, subitamente retirado do seu ambiente familiar, feito soldado para se ver, aos vinte anos, a milhares de quilómetros de distância, confrontado com a irracionalidade, a defender interesses coloniais que não sabe quais são, nem sequer se lhe dizem respeito.
É por isso que o alferes Ferreira, filho dessa elite que suporta e beneficia com o regime, mal chega ao Kimbali, começa, de imediato, a entender as contradições existentes no seio da sua própria classe. Quer seja nas comparações que, mentalmente, vai fazendo sobre os hábitos e os comportamentos dos colonos; quer seja no tipo de conversas, sem freio nem censura, que vai escutando entre os mesmos, durante as suas visitas à cantina do China. Mas é, acima de tudo, no convívio com Fred Bower e Eibi que a perplexidade do alferes Ferreira atinge o seu ponto mais elevado quando, a certa altura, deseja e teme “partilhar a frivolidade libertina daquele casal especial”. Frivolidade que se catapulta na proposta que Eibi lhe faz de partilha impudica com Maria…
Maria que, com Eibi e Marta, forma o trio feminino que gravita à volta do alferes Ferreira. Mulheres que, cada uma a seu modo, arriscarão sempre alguma coisa para o salvar: seja a vida, a honra ou a reputação.
“Mataram o Chefe de Posto” é uma obra com inúmeras possibilidades de leitura onde se procura fazer o retrato de um tempo de fim de Império, de um tempo de transição onde os sentimentos explodem no sangue quente de uma juventude amordaçada, subitamente entregue a si própria. Desse tempo cínico mas contraditório, vivido na Metrópole e nas colónias, afinal, a ritmos tão diferentes.
Mas é também o retrato do paternalismo cínico dessa elite colonial, feita de funcionários administrativos, grandes fazendeiros, agentes comerciais, técnicos, capatazes e aventureiros, que caracterizou o tipo de sociedade colonial que soubemos criar. Gente apenas interessada na manutenção do seu estilo de vida e na prosperidade dos seus negócios, tecendo, quase sempre, sem qualquer pudor, ligações ambíguas de interesse comum com o “inimigo”. Gente para quem, muitas vezes, a tropa era apenas um empecilho ao desenvolvimentos das suas actividades mais lucrativas.
Apesar de tudo, o alferes Ferreira consegue, ainda assim, manter intacta a sua integridade, malgrado os complexos de culpa que o vão afligindo. E depois, felizmente, tal como na vida, nem tudo o que parece é. Nem Eibi nem Marta nem Maria são, afinal, apenas aquilo que parecem.
Por fim, restará, ainda e sempre, as crianças que vão nascendo: Ricardo e Ana – os irmãos de leite – como verdadeiras sementes de esperança capazes de manterem em aberto as pontes do futuro.
Como essa ponte – real e simbólica – que o alferes Ferreira teimou em deixar reconstruída, antes de sair do Kimbali, e se fazer, pela última e derradeira vez, à picada.
Porque a ficção é apenas a realidade contada de outra maneira.
“Mataram o Chefe de Posto” é um romance sobre a guerra colonial: uma guerra psicológica, quase sem tiros, mas tão mortífera e brutal como qualquer outra. Mas, acima de tudo, uma guerra adversa, e condenada à partida, contra as forças mais perenes e inexpugnáveis da natureza.
Romance de descoberta do amor e de crescimento pessoal do alferes Ferreira e dos seus homens. Tudo numa caminhada iniciática de iluminação espiritual que trará os sobreviventes da idade das trevas até ao limiar da claridade mais auspiciosa. Porque o alferes Ferreira, o furriel Geraldes e o furriel Carmo, o cabo Bacalhau e o condutor Piruças, são, afinal, apenas versões do mesmo jovem português, subitamente retirado do seu ambiente familiar, feito soldado para se ver, aos vinte anos, a milhares de quilómetros de distância, confrontado com a irracionalidade, a defender interesses coloniais que não sabe quais são, nem sequer se lhe dizem respeito.
É por isso que o alferes Ferreira, filho dessa elite que suporta e beneficia com o regime, mal chega ao Kimbali, começa, de imediato, a entender as contradições existentes no seio da sua própria classe. Quer seja nas comparações que, mentalmente, vai fazendo sobre os hábitos e os comportamentos dos colonos; quer seja no tipo de conversas, sem freio nem censura, que vai escutando entre os mesmos, durante as suas visitas à cantina do China. Mas é, acima de tudo, no convívio com Fred Bower e Eibi que a perplexidade do alferes Ferreira atinge o seu ponto mais elevado quando, a certa altura, deseja e teme “partilhar a frivolidade libertina daquele casal especial”. Frivolidade que se catapulta na proposta que Eibi lhe faz de partilha impudica com Maria…
Maria que, com Eibi e Marta, forma o trio feminino que gravita à volta do alferes Ferreira. Mulheres que, cada uma a seu modo, arriscarão sempre alguma coisa para o salvar: seja a vida, a honra ou a reputação.
“Mataram o Chefe de Posto” é uma obra com inúmeras possibilidades de leitura onde se procura fazer o retrato de um tempo de fim de Império, de um tempo de transição onde os sentimentos explodem no sangue quente de uma juventude amordaçada, subitamente entregue a si própria. Desse tempo cínico mas contraditório, vivido na Metrópole e nas colónias, afinal, a ritmos tão diferentes.
Mas é também o retrato do paternalismo cínico dessa elite colonial, feita de funcionários administrativos, grandes fazendeiros, agentes comerciais, técnicos, capatazes e aventureiros, que caracterizou o tipo de sociedade colonial que soubemos criar. Gente apenas interessada na manutenção do seu estilo de vida e na prosperidade dos seus negócios, tecendo, quase sempre, sem qualquer pudor, ligações ambíguas de interesse comum com o “inimigo”. Gente para quem, muitas vezes, a tropa era apenas um empecilho ao desenvolvimentos das suas actividades mais lucrativas.
Apesar de tudo, o alferes Ferreira consegue, ainda assim, manter intacta a sua integridade, malgrado os complexos de culpa que o vão afligindo. E depois, felizmente, tal como na vida, nem tudo o que parece é. Nem Eibi nem Marta nem Maria são, afinal, apenas aquilo que parecem.
Por fim, restará, ainda e sempre, as crianças que vão nascendo: Ricardo e Ana – os irmãos de leite – como verdadeiras sementes de esperança capazes de manterem em aberto as pontes do futuro.
Como essa ponte – real e simbólica – que o alferes Ferreira teimou em deixar reconstruída, antes de sair do Kimbali, e se fazer, pela última e derradeira vez, à picada.
Porque a ficção é apenas a realidade contada de outra maneira.
Enviado por: Bárbara Vale-Frias