"O teatro ou é agitação de consciências e aguilhão contra a estupidez e a malevolência ou não é arte"
Dia Mundial do Teatro
A luta do teatro, hoje, "é contra a mediocrização geral da sociedade e a violência dos quadros legais que servem os interesses do Estado em nítido desprezo pelo sector cultural", lê-se na mensagem do Dia Mundial do Teatro, que se comemora a 27 de Março, divulgada pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).
A mensagem da SPA foi este ano rubricada por Filomena Oliveira e Miguel Real, vencedores do Grande Prémio de Teatro 2008 SPA/Teatro Aberto, com a obra "Uma Família Portuguesa".
Sem que recaia no presente sobre a arte teatral uma responsabilidade maior do que a de outros tempos - os "do analfabetismo cultural, da censura e da prisão política" -, ela é "diferente", refere o texto.
"Hoje, encontrar um político culto, que encare a arte como uma respiração vital da sociedade, é uma raridade. A sociedade actual, na qual escrevemos, representamos e encenamos, arrancou a alma ao homem, desespiritualizou-o, fez do homem um consumidor eufórico, asfixiado em objectos que o não deixam respirar", nem o deixam "ver-se nu ao espelho", argumentam Filomena Oliveira e Miguel Real.
Se "nunca o teatro foi neutro", actualmente, "mais do que nunca, numa sociedade técnico-científica dominada pela omnipotência do dinheiro e da idolatria do poder, deve lutar contra o indiferentismo social, a política dos campos de futebol e dos serões televisivos contaminados pela imbecilidade", preconizam.
Sobretudo neste "Dia Mundial do Teatro, em plena crise de um sistema global profundamente injusto e alienante, porventura prenúncio de uma nova era civilizacional" é que o teatro "deve assumir a sua eterna função de iluminação cultural da sociedade, criando uma realidade estética que desmascare tanto o terrorismo dos poderosos quanto o estado de ignorância dos povos", defendem ainda.
Admitindo que o "teatro não salva o mundo", Filomena Oliveira e Miguel Real consideram que deve "desmistificar os bezerros de ouro da nossa sociedade: o dinheiro e o poder; a fatuidade das elites e o seu desprezo pela população carecida; a arrogância das cidades fomentando a desertificação do interior; a soberba dos instalados contra os excluídos e das mentes nacionalistas cristalizadas contra a miscigenação das culturas; a vaidade e a avareza dos egos iluminados contra a partilha do conhecimento".
O que o teatro "não deve" é "ser elitista, reduzido a minorias esclarecidas, nem demagogo, obediente a cartilhas consumistas de multidões acríticas", antes "ambicionar fazer parte da imensa minoria" que, sem saber "para onde ruma o século XXI, possui a lúcida certeza de que o caminho encetado não é o melhor e muito menos o desejado", enfatizam.
A mensagem divulgada pela SPA - que este ano, no Dia Mundial do Teatro, se associa à RTP no programa "Portugal no Coração", durante o qual serão distribuídos livros da colecção de teatro da instituição - termina com uma exortação à aprendizagem "com os grandes vultos do teatro português de ontem e de hoje, assumindo que o teatro ou é agitação de consciências e aguilhão contra a estupidez e malevolência ou não é arte".
Fonte: Lusa
A mensagem da SPA foi este ano rubricada por Filomena Oliveira e Miguel Real, vencedores do Grande Prémio de Teatro 2008 SPA/Teatro Aberto, com a obra "Uma Família Portuguesa".
Sem que recaia no presente sobre a arte teatral uma responsabilidade maior do que a de outros tempos - os "do analfabetismo cultural, da censura e da prisão política" -, ela é "diferente", refere o texto.
"Hoje, encontrar um político culto, que encare a arte como uma respiração vital da sociedade, é uma raridade. A sociedade actual, na qual escrevemos, representamos e encenamos, arrancou a alma ao homem, desespiritualizou-o, fez do homem um consumidor eufórico, asfixiado em objectos que o não deixam respirar", nem o deixam "ver-se nu ao espelho", argumentam Filomena Oliveira e Miguel Real.
Se "nunca o teatro foi neutro", actualmente, "mais do que nunca, numa sociedade técnico-científica dominada pela omnipotência do dinheiro e da idolatria do poder, deve lutar contra o indiferentismo social, a política dos campos de futebol e dos serões televisivos contaminados pela imbecilidade", preconizam.
Sobretudo neste "Dia Mundial do Teatro, em plena crise de um sistema global profundamente injusto e alienante, porventura prenúncio de uma nova era civilizacional" é que o teatro "deve assumir a sua eterna função de iluminação cultural da sociedade, criando uma realidade estética que desmascare tanto o terrorismo dos poderosos quanto o estado de ignorância dos povos", defendem ainda.
Admitindo que o "teatro não salva o mundo", Filomena Oliveira e Miguel Real consideram que deve "desmistificar os bezerros de ouro da nossa sociedade: o dinheiro e o poder; a fatuidade das elites e o seu desprezo pela população carecida; a arrogância das cidades fomentando a desertificação do interior; a soberba dos instalados contra os excluídos e das mentes nacionalistas cristalizadas contra a miscigenação das culturas; a vaidade e a avareza dos egos iluminados contra a partilha do conhecimento".
O que o teatro "não deve" é "ser elitista, reduzido a minorias esclarecidas, nem demagogo, obediente a cartilhas consumistas de multidões acríticas", antes "ambicionar fazer parte da imensa minoria" que, sem saber "para onde ruma o século XXI, possui a lúcida certeza de que o caminho encetado não é o melhor e muito menos o desejado", enfatizam.
A mensagem divulgada pela SPA - que este ano, no Dia Mundial do Teatro, se associa à RTP no programa "Portugal no Coração", durante o qual serão distribuídos livros da colecção de teatro da instituição - termina com uma exortação à aprendizagem "com os grandes vultos do teatro português de ontem e de hoje, assumindo que o teatro ou é agitação de consciências e aguilhão contra a estupidez e malevolência ou não é arte".
Fonte: Lusa