segunda-feira, maio 01, 2006
A Morte de um Apicultor (Partilha Literária)
“Ultimamente tenho tido muitas vezes um estranho sonho. Uma colmeia. Levanto a tampa e começo a limpar os quadros para retirar o mel. Quando vou a sacudir uma abelha do quadro, reparo que ela tem um aspecto estranho, com uns reflexos azulados. [...]. Trata-se de uma espécie totalmente diferente, uns seres muito inteligentes, incrivelmente avançados do ponto de vista técnico, vindos do espaço, de uma galáxia muito distante. [...]. Falam comigo com a maior das facilidades, embora eu não perceba bem como. [...]. O seu planeta foi totalmente destruído pela explosão de uma supernova. Não têm naves espaciais – voam com o seu próprio corpo, à velocidade da luz, quando querem. Mas não podem faze-lo na atmosfera terrestre, porque isso provocaria um aquecimento excessivo.
As suas couraças reluzentes brilham como armaduras de cavaleiros.
Que dizem eles?
RECOMEÇAMOS. NÃO NOS RENDEMOS.”
in “A Morte de um Apicultor” de Lars Gustafsson [Edições Asa]
Este livro foi-me oferecido numa altura “particular” da minha vida, para não dizer mais complicada... Confesso que comecei a lê-lo pela simples razão de não ter mais nada para ler... Confesso, ainda, que fui surpreendido não só por ser um excelente livro, mas porque, de uma maneira ou doutra, ajudou-me a (re)pensar a vida...
O livro “A Morte de um Apicultor” está construído à volta das notas e apontamentos pessoais de um antigo professor primário reformado e divorciado, que se sustenta, principalmente, vendendo o mel das suas colmeias.
Essas notas e apontamentos organizados em cadernos (um amarelo, um azul e um rasgado) narram, não só o dia-a-dia da personagem, mas as dúvidas, as certezas, e as reflexões daquele antigo professor primário.
Depois de se ler este livro, a mensagem que parece assaltar a nossa consciência de leitor é nem mais, nem menos, a da esperança: “RECOMEÇAMOS. NÃO NOS RENDEMOS.”