Os sussurros dos primeiros gritos de carnaval despontaram da mais remota antiguidade. O eco daqueles burburinhos foi capaz de se propagar pelo espaço e pelo tempo, modificando-se através dos séculos de acordo com as tradições de vários povos, seus costumes, suas crenças e seus sotaques. Os motivos greco-romanos para a realização dos gritos de carnaval, eram as celebrações em honra aos seus deuses, cujas festas chamavam-se: saturnais (deus Saturno), lupercais (deus Pã), bacanais (deus Baco), cultos à deusa Isis e ao deus Dionísio. Esses cultos eram caracterizados pela alegria desabrida, pela supressão da repressão e da censura, pela liberdade das atitudes críticas e eróticas como bem nos descreveu o pesquisador e escritor brasileiro Leonardo Dantas Silva no livro Carnaval do Recife.
Já na Idade Média, o carnaval era a festa profana cristã realizada no período compreendido entre a Epifania e o início da Quaresma, este último pontuado pela famosa quarta-feira-de-cinzas. Carnavais eram comemorados através da cavalarias e carros alegóricos, batalhas de confetes, reuniões de mascarados e outras tantas maneiras que se difundiram pela comunidade européia como um todo. Em algumas dessas comunidades, especificamente as portuguesas e espanholas, os carnavais tomaram proporções agressivas, principalmente a partir do século XVIII.
Porém, hoje a alegria e a descontração dominam no festejo carnavalesco. Como bem disse o empresário e carnavalesco Pedro Dueire a respeito do carnaval brasileiro: no carnaval a multidão se incorpora num só pensamento e num só desejo e a alegria do povo é tamanha que não se consegue ver igual em nenhuma das outras confraternizações, por maiores que elas sejam. Daí o carnaval ser tão esperado, porque nele não se consegue individualizar as pessoas ou as coisas, a homogeneidade faz de cada parte um todo e, pelo menos naqueles instantes, o reinado da alegria impera com toda majestade.