segunda-feira, junho 19, 2006

Lullaby – Canção de Embalar (Partilha Literária)




“Imaginem uma praga que se apanha através dos ouvidos.
Paus e pedras vão quebrar-vos os ossos, mas agora as palavras também vos conseguem matar.
A nova morte, esta praga, pode vir de qualquer lado. Uma canção. Um anúncio suspenso no céu. Um boletim noticioso. Um sermão. Um músico na rua. Pode apanhar-se a morte de um tipo das televendas. Um professor. Um ficheiro na internet. Um cartão de parabéns. Um bolinho da sorte. [...].
Imaginem o pânico. [...].
Imaginem as pessoas a entoar canções, a cantar hinos, para abafar todo e qualquer som que pudesse trazer a morte. Com as mãos bem coladas nos ouvidos, imaginem as pessoas a rejeitar toda e qualquer canção ou discurso em que a morte pudesse ser codificada, da maneira como os maníacos envenenam um frasco de aspirina. Qualquer palavra nova. Qualquer coisa que eles não compreendem já será suspeita, perigosa. Evitada. Uma quarentena contra a comunicação.”


in “Lullaby – Canção de Embalar” de Chuck Palahniuk [Editorial Notícias]

Chuck Palahniuk.
Talvez para a maioria de vós este nome não vos diga nada, mas se vos disser que o seu primeiro livro publicado foi adaptado brilhantemente em cinema, com o título de Fight Club, todos saberão do que falo...
Não nego que foi por causa do filme que cheguei até ao escritor Chuck Palahniuk, como a maioria dos seus leitores espalhados pelo planeta, mas digo-vos que foi uma descoberta fantástica. É quase impossível, alguém ficar indiferente à escrita controversa, subversiva, revolucionária, moderna e viciante, deste escritor norte-americano.
No livro “Lullaby – Canção de Embalar” Carl Streator, um repórter jornalístico, viúvo e na casa dos quarenta anos, durante a redacção de uma série de artigos sobre o Síndroma de Morte Súbita Infantil, descobre uma estranha coincidência: a presença de uma antologia “Poemas e Rimas à volta do Mundo”, nos locais onde ocorreram essas mortes. Mais ainda: constata que o livro se encontra sempre aberto na página onde está escrito um cantico tradicional africano – uma canção de embalar. Canção esta que se torna numa arma mortífera quando invocada em direcção de quem quer que seja. É assim que Carl Streator se transforma num serial killer (in)voluntário, e empreende a missão de eliminar todas as cópias do livro, com a ajuda de umas estranhas personagens...