terça-feira, fevereiro 21, 2006

Évora e História: que tipo de relação?



A relação entre a História, a sua conservação e a cidade de Évora nem sempre foi a mais pacífica. Eu não sou um eborense de nascimento. Cheguei a esta cidade por necessidades de formação adicional e por estas ruas deambulei durante cinco anos. Não tenho a ilusão de a conhecer como um nativo, mas sinto-a como umas das minhas cidades.
Desde cedo percebi a relação difícil que Évora tem com a sua História. Trata-se da identidade local e do modo como a cidade cresceu e interagiu com o seu meio circundante. E mais do que isso, é actualmente uma das suas maiores fontes de rendimento que tem a sua expressão mais visível no Turismo. Mas esta interacção entre a cidade e o seu património cultural também já foi, e ainda é, o principal entrave a um progresso económico e social rápido, sustentado pela construção de novas infra-estruturas.
Quantas vezes já ouvimos rumores de projectos que ficam inacabados pela descoberta de esta ou aquela relíquia ou edificação antiga? Será este o melhor caminho para a capital de distrito? Parar todos os projectos de futuro por causa de um achado qualquer?
Não sou, nem nunca fui um apologista do Progresso a qualquer custo! Mas não penso que a predilecção excessiva pela História em vez do Desenvolvimento seja a solução.
Temos um caso interessantíssimo, que até está bem perto, de uma cidade espanhola que tendo o mesmo problema de falta de espaço que Évora tem, cresceu e desenvolveu um segundo espaço adjacente à parte histórica onde não tem problemas de falta de área. Badajoz possui assim uma parte histórica salvaguardada e em constante restauro e uma área nova mais desenvolvida onde pode explanar todos aqueles projectos modernos de maior complexidade. Esta será, a meu ver, a melhor solução para muitos dos problemas da cidade de Évora.
As constantes obras de restauro em conjunto com as obras de desenvolvimento tornam, muitas vezes, o prazer que é morar em Évora num verdadeiro pesadelo. E por isso, peço aos dirigentes locais para decidirem que tipo de cidade querem ter e proporcionar aos seus cidadãos. E quando o fizerem que sejam coerentes e mantenham essas normas por algum tempo. Só assim os investidores sabem o que esperar e poderão dar largas ao seu investimento.