terça-feira, setembro 11, 2007

A Arte Do Grito

Quando recebi o convite para escrever sobre a minha paixão pelo Metal, o meu primeiro instinto foi pegar numa folha de rascunho, numa caneta e escrever o texto mais elaborado possível. Afinal, para mim o Metal é mais que um estilo de música, é um estilo de vida.
Algum tempo depois deparei-me com uma mesa cheia de folhas amachucadas e percebi que não ia ser fácil transpor para o papel os sentimentos que se formam quando se fala neste estilo de musica.
Decidi então optar pela simplicidade. O meu objectivo não é convencer as pessoas a gostar, mas sim a compreender.

Quando se fala em Metal, as expressões “são só gritos” ou “ não sei como consegues ouvir isso” aparecem normalmente associadas.
Gritos... sim, são gritos. Mas gritos provenientes do coração, não da garganta. É uma forma de expressão, uma forma de arte (e como muitas outras por vezes incompreendida), mas uma forma de arte sincera.
Todos os dias ouvimos na radio vozes “lindas” de “cantores” que não conseguiam escrever uma canção se a sua vida dependesse disso. Não compõem, nem escrevem, apenas emprestam a sua voz. Isto é sinceridade?
Sinceridade é uma banda andar pelo mundo fora, a “gritar”, mas não pelo dinheiro e sim pela paixão.
Sinceridade é quando o coração bate aceleradamente enquanto esperamos que as horas passem para chegarmos a casa e ouvirmos um som novo.
Sinceridade são canções que, por minutos, nos fazem esquecer que existe um mundo lá fora, e o planeta é apenas um palco gigante condensado no nosso quarto. E depois do necessário egoísmo, partilhar com os amigos e envoltos em fumo de cigarros e refrescados por umas cervejas partilhar emoções e opiniões.
Grande parte do mistério por detrás da paixão que tenho pelo Metal provem desta sinceridade.
Resumindo, gostar de Metal é uma benção.

Mas o gostar é também um processo de aprendizagem, como uma paixão que vai crescendo com o tempo. Apenas temos que deixar a mente aberta para absorver e processar novas informações e sensações.
Ainda hoje, mais de 14 anos depois de começar a ouvir metal, necessito de ouvir um álbum várias vezes antes de formar uma opinião definitiva. O sentimento de gosto vai sendo moldado com certos pormenores que nos passaram despercebidos numa primeira audição.
Tudo conta, o ritual de pegar na caixa, observar a capa, colocar o cd na aparelhagem, dissecar cada segundo de cada musica, cada riff, cada solo, cada paragem... e sentir um arrepio na espinha e um sorriso nos lábios enquanto a musica invade os nossos ouvidos.
Gosto de chegar ao fim do dia e colocar um grande som e de gritar para me aliviar o stress. Ficar encharcado em suor depois de dar mais um concerto para um único espectador – o meu reflexo no espelho... e depois voltar á minha própria normalidade.

Afinal todos nós temos um pouco de génios e de loucos!!


"Tem a música o poder
de tornar o homem feliz
nem há quem saiba dizer
tanto quanto ela nos diz."
António Aleixo