Uma noite incrivelmente escura... Tão escura que a própria lua e estrelas desapareceram em busca de alguma luz.
Uma noite silenciosamente perturbadora…
Enquanto os meus olhos não se habituam á escuridão, fico nas trevas mais profundas.
Abro a tampa de uma das minhas caixas de meditação e retiro o disco mágico.
Uso a musica para moldar o silêncio que me incomoda.
O negro da noite mostra-se o cenário ideal para o som gótico que é cuspido das colunas. Uma espécie de luto externo que uso para uma introspecção interna.
Reparo no fumo do issenço a ganhar forma nos escassos pedaços de luz que atravessam a janela. Formas abstractas que forço a parecer algo.
Sento-me inquietantemente quieto enquanto esvazio a mente...
Por minutos, no meio da solidão e das trevas, sinto-me completamente em paz! Uma paz que me permite a lucidez necessária para sonhar com velhas memórias e memorizar novos sonhos.
O som começa a desaparecer e o silêncio ganha novamente forma.
Sinto o meu corpo voltar a si.
É altura de findar mais um dia.
Fecho os olhos e adormeço.
"O vaso dá uma forma ao vazio e a música ao silêncio."
Georges Braque