OS DIAS DA CRIAÇÃO
Artes de Trás-Os-Montes e León
22 e 23 Setembro 2007
As cadências de leva que os placards atordoam, perturbando e largamente castrando desejos próprios, podem ser pelo menos interrompidas este fim-de-semana em Vilar, Boticas, Trás-os-Montes. Os iónicos milhões de lugares de onde a imaginação emigrou, esperam, não pela intervenção sobre, mas pela quântica.
Estar n' Os Dias da Criação, em matriz transmontano-leonesa, pode constituir um avanço científico se as múltiplas identidades arbóreas forem abraçadas sem fumos de utilidade. Poderíamos usar outras caracterizações, mas as árvores – as tais que nem pelo fogo perdem a raiz – parecem estabelecer um diaporama onde podemos colher a sagesse, pedindo emprestado aos carvalhos e seus druidas. " Tengo Algo de Árbol / Tenho Qualquer Coisa de Árvore" é o belo verso que Silvia Zayas escolheu para título de uma selecta de poetas leoneses que será apresentada n' Os Dias da Criação, em edição bilingue castelhano/português. Aí se ramificam poetas de León, desde António Gamoneda a Gaspar Moisés Gomez e Silvia Zayas, passando por mito-fornecedores como José Luís Puerto ou Juan Carlos Mestre e sócio-desiludidos como Tomás Sánchez Santiago.
Poderíamos dizer que a criação é a seiva? Este antigo lugar de denominação expedido quando o ar livre ainda não estava condicionado pelos triliões de sinais, ondas, satélites e outras poluições, talvez resgate a alquimia necessária à sobrelotação emocional da interioridade. Aí talvez resida a impossível habitação dos eremitérios – transmontanos e leoneses – desafiando o olho ogival dos echelons controleiros. As performances de Rosário Granell, Nuria Antom ou Isabel Fernandes Pinto sulcam ares e desares na paleta dos instantes irrepetíveis.
Que pulverizam as nuvens que aleitam os rios, línguas de comunicação, do minho ao douro, numa sequência de actividades humanas talvez conhecida como história. Desse fluido, em português sedimentado a partir do século doze, comunicarão o dramaturgo Abel Neves, o pensador e ensaísta Alexandre Teixeira Mendes, o poeta mirandês Amadeu Ferreira, o cantor do douro António Cabral, o escritor Bento da Cruz e o historiador Carlos Llamazares. Um passado interrogado para que algum futuro seja nomeável.
E em imagens fixo. A presença videográfica de autores como Angélica Liddell, Pedro Sena Nunes, Jesus Dominguez ou Sara Jess, garante o movimento da perenidade. A eles se juntam 14 jovens cineastas que no correr de 2007 cheiraram terra de barroso para depois a plasmarem em curtos documentais que serão exibidos na manhã de dia 23 e onde os actuantes não foram sujeitos a castings e outras necessidades comerciais.
Na tarde de sábado, pintura, fotografia, escultura, artesanato e outras artes visuais, estender-se-ão pela Eira Longa, em espelho ou desafio à pedra, ao verde e ao castanho, instalações relacionais em mistura de psique, pelas mãos de Deborah Nofret, Gerardo Queipo, Carla Mota, Adriana Henriques, o grupo Ravar, entre dezenas de outros autores que assim se publicam nas paredes do vento.
O espectáculo de Música, Performance e Teatro, dia 23, às 21h30, é o único momento que decorre fora de Vilar. Realizar-se-á no Auditório de Boticas que conhecerá, então, a voz do bardo Aurelino Costa, a interpretação vivida em canto por Alexandra Bernardo, o cabaret de Pepa Yañez, o trio musical de música antiga Sirma, entre os diversos criadores presentes.
Como perfume de uma América Latina poeticamente poderosa, estará a jovem poeta venezuelana Estrella Gomes que assim inaugura a presença latino-americana em Os Dias da Criação.
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Enviado por: Alberto Augusto Miranda