sexta-feira, dezembro 14, 2007

Entrevista ao escritor Hugo Villier

Hugo Villier ou Hugo Israel, 28 anos, TV producer da Euro RSCG, vai lançar amanhã o livro de poesia “Amor ah tona”. O lançamento irá decorrer num evento colectivo, com animação e apresentação de projectos musicais.” O coração da capa é uma obra da Joana Vasconcelos, que simboliza a tristeza que trespassa o coração”, explicou o autor ao M&P. O preço de capa do livro, editado pela Corpos Editora, é 16 euros.
Hugo Israel trabalha na Euro RSCG desde 2001. Antes disso foi produtor do Hora Viva um programa em directo na RTP 1, teve um atelier de pintura durante dois anos, e, paralelamente, entrou numa ópera no casino Estoril. “Com este livro espero abrir algumas portas também, para que consiga escrever critica de bailado, actividade que também tenho seguido de perto”, comenta Hugo Israel.

in Meios & Publicidade

Breve Entrevista:

sandra martins – Qual é/ foi o seu percurso académico? O que lhe ocupa, actualmente, a maior parte do tempo?

Hugo Villier – Foi um percurso multidisciplinar, com formação na area da comunicação estratégica e comunicação multimédia, a minha principal ocupação é mesmo a publicidade, deixa-me com pouco tempo para outras actividades mas dá-me tanto tanto prazer que sem ela viveria concerteza com menos adrenalina, preciso do sal da publicidade para ter cristais à minha volta.

s.m. Quando começou a escrever?


H.V. Comecei a escrever com 13 anos, em retalhos de papel soltos, sobre a natureza e os elementos, era como...hum... com as palavras tudo é mais fácil.

s.m. “Amor Ah Tona” é o seu 1º livro de poesia, como surgiu este título? E a imagem de capa?

H.V. O titulo surgiu sob a influência do mar, manter o corpo sempre estável à superficie do mar, estar concentrado até sentir o momento certo, o impulso energético é brutal, daí mar ah tona, a paixão pela obra da Joana Vasconcelos foi surpreendentemente ah tona de um olhar, e as peças encaixaram na perfeição criando uma praia imaginária onde o coração é o sol e as palavras o mar.

s.m. Fale-nos um pouco deste livro para aguçar a curiosidade aos nossos leitores.

H.V. É um livro que transmite emoções de sufoco em forma de fogo de artifício libertando amor. É o amor e a gratidão eterna.

s.m. Qual é a sensação de ver o seu primeiro livro publicado? Trouxe mudanças? Quais as suas expectativas?

H.V.É uma sensação corrosiva (risos), mas que me deixa muito feliz e tranquilo.

As expectativas são sempre sinal de mudança, mudar é aprender de novo, re aprender, re criar, é a fenix renascida, renasce-se sempre mais forte.

s.m. Em termos literários, acredita no termo "Inspiração", no termo "Transpiração" ou na sua simbiose?

H.V. Bem...é uma fusão virtual, é como a saudade e o coração, como canta Caetano Veloso “ ...saudade até que é bom...melhor do que caminhar sozinho...”

s.m. Teve formação em Escrita Criativa? O que pensa desta disciplina?

H.V. Em publicidade a escrita criativa é permanente, é uma das disciplinas mais importantes do mundo actual, vivemos num país com uma taxa elevada de iletracia, a taxa de abandono escolar é das mais altas da europa, é importante ensinar o pensamento criativo, mas saber escrever é fundamental.

s.m. Como caracteriza o seu processo de escrita?

H.V. É um processo biológico, que é provocado muitas vezes pela heresia social e relações humanas, não diria sazonal mas é uma actividade que exige uma concentração e criatividade que não aparecem quando se quer, é mais interior, sentido.

s.m. O seu livro foi editado pela Corpos Editora. Como está a decorrer o processo?

H.V. O processo está a decorrer desde Julho deste ano, tem dado para saborear cada momento, é uma editora que tem revelado um excelente trabalho na divulgação de jovens escritores na área da prosa e poesia, é uma editora cheia de energia que agita a cultura e promove projectos que se fundem e interligam, como a musica imagem e palavras.

s.m. Trabalha na Euro RSCG desde 2001, já foi produtor do “Hora Viva” na RTP1, teve um atelier de pintura durante dois anos, e participou numa ópera no Casino Estoril. Como consegue conciliar tantas paixões diferentes e existirá uma relação com a escrita, nomeadamente com o livro de poesia que vai ser lançado dia 15?

H.V. Lembro-me desde miúdo gostar da polivalência cultural, sempre tive uma aptidão biológica para construir mundos paralelos , e com eles criar uma vibração muito própria.

Grande parte das minhas aspirações infantis têm revelado uma certeza no agora, porque as sigo passo e passo e trazem-me uma satisfação constante, a globalização revela isso mesmo abranger o mais possível, desfrutando da melhor maneira com o maximo conforto.

s.m. Que autores lê frequentemente?

H.V. Gosto de variar nos géneros e nos autores, gosto de dividir o ano por fases literárias, gosto bastante da E. Annie Proulx, tem o poder da transformação, cria imagens e bonecos lindos, as palavras valem ouro, acho-a incrível.

s.m. Qual foi, até hoje, o(s) livro(s) e/ ou autor(es) que mais o marcaram? Porquê?

H.V. Rilke e Virginia Wolf são dos autores que mais marcaram a minha experiência de vida, pela dignidade que empregam em cada palavra, viveram processos de escrita vizinhos ao amor e à psicanálise, Rilke iniciou um novo ciclo na literatura poética alemã, atraiu muitos novos escritores influenciando-os pelo seu lirismo à semelhança da V. Wolf que liderou o movimento modernista em Londres, influenciando muitos jovens escritores.

s.m. O que nos reserva para um futuro próximo, em termos de criação literária?

H.V. Amor ah tona será ouvido num formato audio cd, é um projecto criativo que irá reunir varios artistas no âmbito musical alternativo.

s.m. Que conselho daria a quem sonha melhorar o seu processo de escrita e, por fim, publicar as suas palavras?

H.V. Guardar tudo, compilar, ler e reler, dar a ler e procurar uma editora.

Para melhorar, escolher bem os autores e ler e ler.

s.m. Para finalizar esta breve entrevista informal peço-lhe que escolha um dos poemas do seu livro para que os nossos leitores tenham uma antevisão do que podem esperar ao adquirir “Amor Ah Tona” já a partir de dia 15.

A solidão lá vai no meio da escuridão efémera do destino.

Traz-me a imagem da hipérbole mais real dos meus sonhos.

A alvorada saúda-me com as gotas de orvalho que a tua boca

Docemente me oferece.

Eu levito, mas vou caminhando pelas pedras da vida à procura do pôr do sol.

E quando estou a chegar vejo sempre mil e uma montanhas

Para escalar.

As minhas mãos sangram, os pés não têm força

Mas a luta é conquista que se torna num respirar eterno.



Ouça alguns excertos do livro AQUI


Cartaz de Apresentação da Corpos Editora: