segunda-feira, dezembro 10, 2007

W

Uma ópera de José Júlio Lopes
PAISAGENS DO TEATRO CONTEMPORÂNEO




O interesse do tema decorre especialmente da obra de Walter Benjamin, o homem concreto que pensou o regime das imagens, da arte, da técnica, da literatura; o cinema; o das grandes cenografias públicas (as arcadas, as cidades); a ilusão (nomeadamente com as suas experiências com drogas), a modernidade, o estético e o político...
Walter Benjamin morreu na fronteira franco-espanhola, em Port Bou, depois de se juntar a um grupo de refugiados que tentam escapar à perseguição nazi. As circunstâncias e a data da sua morte não são claras. Terá acontecido quando Benjamin chega a Port Bou e é (ou supôs ter sido) ameaçado, pelos funcionários da fronteira espanhola, de ser reenviado para França onde seria entregue à Gestapo. Convencido que tinha falhado a sua tentativa de atingir Lisboa para chegar aos EUA (juntando-se a outros refugiados alemães famosos, como Adorno, Horkheimer, Schoenberg, Brecht, Thomas Mann, Kurt Weill), Benjamin, nessa noite, no Hotel De Francia, ter-se-á suicidado tomando vários comprimidos de morfina e terá falecido a 27 (ou 28) de Setembro de 1940.
O fio narrativo convocado para este projecto centra-se no essencial deste episódio: um homem (qualquer homem) foge para a liberdade, mas morre (suicida-se?) antes de o conseguir, literalmente a poucos quilómetros de ser livre, numa espécie de desistência existencial perante a possibilidade de ser entregue aos seus perseguidores:
Quase em Lisboa. Quase refugiado nos EUA. Quase livre. Uma decepção trágica da história concentrada num homem.
Seguimos o homem que protagonizou uma tal morte e que é transformado em W, personagem cujo destino o público conhece previamente. Destino que é acentuado na tragédia de um «quase», pela possibilidade não cumprida. Ora, este «quase» é, também, na leitura proposta por esta ópera, um traço biográfico da personagem real e do seu pensamento fragmentado.
Ciente da incompletude, o homem que pensou as «passagens» ficou do lado de fora da «porta», no seu «limiar», fazendo cair sobre a sua própria existência a coragem de uma hesitação.
Morreu. Abstendo o pensamento de mais pensar. Aceitando um caminho com um sentido único.

José Júlio Lopes

Classificação: M/6

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