O 1º Livro de Poesia:
Entrevista:
sandra martins - Olá David. É um imenso prazer poder publicar, aqui, as suas palavras. Uma vez que mostrou bastante interesse na divulgação do seu livro posso perguntar-lhe: Como é a relação com os seus leitores e críticos? Como é o feedback?
D.M. – Eu tenho 21 anos. O meu percurso académico foi curto, frequentei a escola preparatória Dr. Vasco Moniz até o 9º ano e depois passei a frequentar a escola de formação profissional de Alverca, onde completei um curso de formação profissional de nível III na área de electrónica.
Infelizmente muito do tempo é ocupado pelo trabalho e o pouco tempo que resta tento usá-lo tanto para estar com as pessoas que me acompanham nesta caminhada pela vida como para desenvolver a minha paixão pela escrita. Algum desse tempo é também gasto no grupo de poesia “Gente Viva” do qual faço parte como um dos membros fundadores.
D.M. - Comecei a escrever com 13 anos no entanto nessa altura achava que não tinha jeito para escrever e acabava por deitar fora quase tudo o que escrevia. Apenas ficando com muito pouco. Foi por volta dos 15 anos que comecei a escrever mais empenhadamente e a guardar o que escrevia, pois para além de a escrita nessa altura ser o meu refúgio, era ali que me sentia bem, era quase uma amiga a quem contava tudo, onde colocava tudo o que me ia na alma, eu comecei a mostrar o que escrevia a pessoa mais velhas e demonstraram interesse. Devo muito de ter este livro a minha professora de português do 11º ano pois foi ela que me incentivou a continuar e buscar o meu sonho porque escrevia bem. Foi também ela que me ajudou a melhorar muito daquilo que escrevia.
D.M. Neste momento utilizo alguns lugares na Internet para ir deixando os meus textos e também ir recebendo algum feedback. Um desses espaços é www1.fotolog.com/momento_das_asas.
D.M. Acho que a Internet é um excelente meio de divulgação do trabalho de autores novos, tenho tido o privilégio de encontrar pessoas com um escrita impressionante e que poucos conhecem. Acredito que cada vez mais a Internet quando bem utilizada é uma ferramenta muitíssimo valiosa para a divulgação e para a partilha de opiniões e até para o aprimoramento de quem a usa para partilhar a sua obra. No entanto a Internet também é muitas vezes usada para fazer plágio de textos com muito valor por parte de pessoas que não amam a literatura, isso é triste.
Eu criei após o lançamento do livro uma página para o mesmo (http://pedrasrubras.com.sapo.pt/), bem como mais alguns espaços, sendo o http://www1.fotolog.com/notas_d_silencio o primeiro espaço que abri, intercalando um pouco a poesia com as fotos pois é outro mundo que me fascina foi um espaço que me trouxe muitas coisas boas, existe uma grande evolução desde o início até o final. Depois desse abri mais dois espaços que tento manter actualizados, www1.fotolog.com/momento_das_asas e http://sunrainslife.blogspot.com/ .
D.M. O meu livro é de poesia, embora já tenho começado a escrever algo mais dentro de outro género.
s.m. Qual foi a sensação de ver o seu primeiro livro publicado? Trouxe mudanças?
D.M. A sensação é sentir que realizamos o nosso maior sonho e ao mesmo tempo é ter a pesada mas muito satisfatória sensação que aquilo que escrevemos vai ser lido por várias pessoas e pode até fazer diferença na vida delas. Quando soube que iam editar o livro, fiquei uns minutos a tentar perceber se tudo aquilo era realidade, foi sentir tudo em mim estridente sentir que o meu sonho ia se realizar. Acho muito difícil conseguir falar sobre como foi agarrar o meu livro pela primeira vez, foi como se o sonho tivesse forma agora.
Trouxe-me muitas mudanças, a nível literário e até pessoal. A nível literário o facto de ter um livro levou-me a começar a encarar a escrita ainda com mais seriedade, a senti-la mais, escolher melhor as palavras ao mesmo tempo que deixo as coisas fluírem. A nível pessoal fez-me ver a escrita como uma forma de tocar pessoas e um meio de me pôr no lugar delas. Percebi que podia usar a escrita para muitas vezes lembrar as pessoas de muitas coisas importantes que elas se esquecem com o dia a dia.
D.M. É muito bom. O facto de chegar a um lugar e ver lá algo nosso é fantástico, mas o melhor é mesmo saber que podemos chegar a mais pessoas. É algo único quando conhecemos ou falamos com alguém que está longe mas que leu o que escrevemos e que se identificou e que sentiu o que escrevemos.
D.M. Pedras Rubras surgiu de alguns factores, o primeiro eu tenho uma grande paixão pela geologia daí o “Pedras” e sendo as pedras algo que pesa, a ideia era passar que o livro estava carregado de sentimentos, tinha conteúdo. O “Rubras” vem de estar ao rubro, estar incandescente, ser intenso. Ou seja o livro seria carregado de intensidade.
D.M. O meu livro foi escrito numa altura bastante complicada a nível emocional, são sempre as melhores alturas para escrever. Foi escrito quase todo durante os meus 16 anos e um pouco de toda a confusão que passa pela cabeça de uma pessoa nessa idade, os desgostos, a revolta com o mundo, muitas vezes a solidão mesmo quando existem muitas pessoas à volta. Dando sempre no final a forte convicção de que podemos vencer tudo o que nos propusermos e esperança de mudança.
D.M. Acho que depende muito daquilo que desejamos obter. Se queremos um texto de prosa pequeno e para passar uma mensagem, é mais fácil. No entanto escrever um livro em prosa, construindo toda a interligação entre os textos, isso é muito mais complicado do que escrever poesia. Para mim escrever poesia é deixar fluir o que me vai na alma, inspirando me em tudo o que me rodeia, especialmente a natureza e as pessoas e acaba por sair naturalmente.
D.M. Não tive formação em escrita criativa, é um pouco complicado falar de algo que não presenciei, no qual não tive ainda contacto mas penso pelo pouco que investiguei que poderá ser de ajuda tendo o senão de na minha opinião limitar um pouco a criatividade por ter padrões para ser dada.
D.M. Não mas espero durante este ano participar em alguns concursos literários.
s.m. Em termos literários, acredita no termo "Inspiração", no termo "Transpiração" ou na simbiose?
D.M. Acho que a escrita deve ser natural e nunca forçada, deve vir da alma sem nenhuns ferros a puxa-la. Existem alturas que passo semanas sem escrever nada porque não encontro algo que desperte em mim a escrita. Não sou capaz de “escrever por encomenda”, talvez por não estar preparado para isso, talvez por achar que as coisas quando não saem por elas mesmas, são artificiais…
s.m. Sente necessidade de organizar o seu tempo para escrever?
D.M. Raramente. Trago quase sempre um bloco e uma caneta comigo, e quando não trago utilizo o telemóvel como gravador e mais tarde escrevo. Escrevo quase em qualquer lado, basta surgir um pouco de tempo e inspiração. Embora também existam alturas em que preciso mesmo de tempo para escrever, preciso de escrever e torna-se quase uma necessidade e aí organizo o meu tempo de forma a poder escrever.
D.M. Simples, impulsivo, pensado, sentido, a cada dia diferente.
s.m. O seu livro foi editado pela Corpos Editores. Como foi o processo?
D.M. O processo foi simples, entrei em contacto com eles através de e-mail, depois pediram-me para enviar alguns textos e esperei pela resposta. Mais tarde depois de me terem dado o sim, enviaram me uma versão do livro já organizado, aí foi tratar alguns pormenores e esperar por ele. São pessoas muito competentes e devo muito a eles o facto de ter continuado a escrever, agarram-me quando estava quase a desistir do sonho.
s.m. O que pensa das edições de autor?
D.M. São a forma mais fácil de se conseguir publicar um livro, especialmente se for de poesia e não formos conhecidos. Embora tenha alguns custos e que no caso de algumas editoras são bastante elevados.
D.M. Acho que muitas vezes se dá mais valor ao que vende do que ao que é cultura. Não se valorizam os novos autores que têm valor só porque são jovens e não são conhecidos. Espero que as coisas mudem, e acredito que vão mudar, já existem algumas editoras que fazem por ser diferentes, isso dá-me esperança.
D.M. O público reage mais ao romance, talvez por ser uma leitura mais fácil, menos rebuscada e também por ter uma história que vai envolvendo mais a pessoa. A poesia é mais uma escrita de paixão, de alma, de quem quer sentir as coisas mais profundamente.
D.M. Não costumo ler muito frequentemente devido ao tempo ser um pouco escasso, no entanto gosto de ler Paulo Coelho, Fernando Pessoa, António Gedeão, Miguel Torga, Daniel Sampaio entre muitos outros que vou lendo aos poucos.
D.M. O Livro Filhos da droga de F, Christiane. Todo o drama vivido na primeira pessoa.
D.M. Espero ainda este ano lançar o segundo livro de poemas, mais maduro, menos intenso mas mais tocante penso eu. E no futuro espero acabar o meu romance, mas esse ainda é para demorar bastante tempo.
D.M. Nunca deixar de lutar e acreditar sempre. Procurar sempre ajuda de pessoas mais experientes, acreditar é meio passo para conseguir.
D.M.
Saltam pedaços da minha mente!
Rebentam da caneta,
Mergulhados na paisagem…
São pedaço demente!
Que suspiram intensidade…
Não se deixam estar na miragem
Rasgam intensidade, como uma folha estreita,
Papel fustigado pela saudade!
Em cada traço, o veneno espreita
Sentido em emoção que corta o coração…
Cru e cruel leva nela recordação.
Grito a língua e tudo o que me sufoca
Por entre as notas que o mundo vira
Atira contra mim como troca,
Troca de um estado de inconformismo!
Sinto os pequenos mundos,
Como uma música tocada em pano de fundo
Sobrepondo a razão que toca alto
Moldam o som como as margens de um rio
Para no final tudo se mostre grande ou banal…
Por mais que escondamos a melodia,
Ela guarda sempre um fio…
Nunca deixa de correr e sempre volta à luz do dia…
Aí descanso e sonho mais uma melodia…Muito obrigado, David, pelas suas palavras e pelo seu desejo em ser entrevistado pelo Cultura. Desejo-lhe muito sucesso no futuro.