O livro dele já foi tema de um post aqui no Cultura e, uma vez que ele teve a amabilidade de me enviar um exemplar, [que li atentamente e, ainda assim, lhe troquei o título... (desculpa)] deixo-vos aqui, em jeito de entrevista - pouco crítica - algumas perguntas que lhe fiz e às quais ele respondeu com grande sentimento e limpidez de espírito.
1. O "Estados d' Alma" é o teu primeiro livro?
2. Tens mais projectos na gaveta à espera de serem libertados para o mundo editorial? Prosa? Poesia de novo?
3. O que consideras mais complicado? Escrever poesia ou prosa? Porquê?
4. Qual a sensação de ver um livro com o teu nome, publicado?
Não acredito muito na inspiração…acredito que o resultado de algo resulta da força, coragem e do momento. Em termos literários defendo que a inspiração exista apenas na criação de uma ideia, mas o seu desenvolvimento não será (na minha opinião) visto como um acto de inspiração, mas sim um conjunto de emoções do autor com momentos que ele já conhece ou que já viveu. Se for uma história com um personagem, esse será algo que o autor viu misturado com o que já viveu.
6. Qual é a tua profissão?
Dedico-me à contabilidade…mas quando for grande gostava de ser tudo menos sonhador.
7. Quanto tempo dedicas à escrita ou é um processo totalmente livre?
8. Como caracterizarias o teu processo de escrita?
9. O teu livro é uma edição de autor, correcto? Como foi o processo? Foi moroso?
O meu livro foi editado por uma editora jovem e que procura o seu espaço no meio literário português. Uma editora que lança trabalhos de jovens e anónimos autores portugueses, muitos deles com imenso valor mas que infelizmente sem capacidade para verem o seu trabalho reconhecido.
10. Li, com atenção, o teu livro e deparei-me com uma escrita bastante preocupada a nível estrutural. Alguma razão em particular?
Penso que por vezes os caracteres, uma simples palavra nos faz pensar, nos faz “ver” a realidade de uma outra forma…e quem sabe nos dar resposta a algo que nos intriga.
Como tal quando escrevo é porque somente me dá prazer e sei que vou ganhar ao faze-lo, pois vou marcar algo que estou a ver, sentir ou a idealizar.
13. Escolhe um poema do teu livro.
É difícil…para quem escreve, para quem faz muita coisa é sempre difícil escolher algo. No entanto escolho o poema “Reflexão”. Porque? Não sei bem…talvez porque mistura saudade e dor, com esperança e alegria… é uma “super-Mistura” no mesmo texto.
Vou então transcrever o poema que escolheste para que os leitores do Cultura sintam um "cheirinho" do perfume que o teu livro encerra.
Reflexão
Sonhos que sonhei
Pensamentos que pensei
E que para trás tudo deixei.
E que para sempre recordarei.
Novos sonhos sonharei
Bem como novos pensamentos pensarei
Que pela vida frente terei
Iguais aos que sempre desejei.
Lindos dias vivi
Misturados com sentimentos que senti
Muitas vezes neles sorri
E ainda hoje não os esqueci.
Novos dias viverei
Bem como novos sentimentos sentirei
Certamente neles sorrirei
E depois nunca os esquecerei...
Muitos momentos vivi
E muitos momentos viverei.
in "Estados d' Alma" de João Filipe Ferreira [Corpos Editora, pág. 29]