quarta-feira, maio 02, 2007

SEMINÁRIO COMUNISMOS: HISTÓRIA, POÉTICA, POLÍTICA e TEORIA

Organização: Centro de Estudos de História Contemporânea Portuguesa do ISCTE

Coordenação: João Arsénio Nunes e José Neves.

Desde o “espectro que ronda na Europa” de 1848, até ao fim da União Soviética e do bloco de leste na última década do século XX, o comunismo foi provavelmente na história contemporânea o movimento e a ideologia que mais paixões suscitou e mais afectou a vida dos Europeus. Fora da Europa, no século XX a sua influência não foi menor, e cerca de um quinto do género humano habita actualmente Estados com governos comunistas.
No princípio do século XXI, desaparecida a contraposição de sistemas mundiais e quando a globalização capitalista ordena a marcha do planeta e dos que o habitam, é difícil entender o que diziam Marx e Engels ao escreverem que “o comunismo não é uma situação que deve ser implantada, um ideal por que a realidade se deverá reger; chamamos comunismo o movimento real que supera a situação actual.” E no entanto o tempo que vivemos evoca inevitavelmente uma história de mudança através da destruição, que caracterizou os últimos dois séculos, e perante a qual o comunismo se representou como o crítico teórico e a alternativa prática.
Para além de actor político de ambição universal, o comunismo influenciou as práticas sociais e as esferas da cultura em praticamente todos os domínios. Nesse movimento, a combinação entre as suas componentes teleológicas e societais diversificou-se, daí que haja lugar a falar em comunismos no plural. Tal diversificação motiva a interrogar os comunismos nas suas raízes teóricas e históricas, na multiplicidade da suas conexões e conotações: como história, como poética, como política e como teoria.
Embora a investigação e o debate científicos sobre o comunismo ocupem hoje em toda a Europa e nos EUA um lugar relevante nos currículos universitários – o que aliás se acentuou nos últimos anos, em consequência do extraordinário alargamento dos arquivos disponíveis –, em Portugal encontramo-nos, salvo excepções individuais, na infância da arte. O presente seminário visa impulsionar a superação deste estado de coisas, fazendo das correntes intelectuais, dos movimentos sociais,das organizações políticas e das teorias que historicamente se relacionaram com o comunismo (socialismos utópicos, marxismos, anarquismos) um objecto de indagação, pesquisa e debate científico, capaz de repercussões tanto no aprofundamento da investigação como no ensino universitário e na divulgação. Tem-se em vista, em particular, contribuir deste modo para a superação da separação entre a história contemporânea de Portugal e a história geral, nomeadamente europeia.
O seminário acolhe contribuições que não se reivindicam de qualquer conceptualização
marxista mas se debruçam sobre os comunismos e, também, contribuições – no âmbito da história, da antropologia, da sociologia, da filosofia, dos estudos literários e artísticos -, que convocam as tradições marxistas em domínios que excedem o âmbito da história do comunismo.O seminário iniciar-se-á em Abril e terminará no final de 2007.

PROGRAMA

Fase 1 (Abril a Junho)
26.4.
Auditório B103.
Literatura e comunismo. Walter Benjamin.António Guerreiro, Manuel Gusmão

3.5.
sala C402.
A Alegria Comunista. Portugal, anos 30.Luís Crespo de Andrade.

10.5
sala C402."Portugal não é um país pobre": história de uma exclamação comunista.José Neves .

17.5.
sala C402.
Americanismo e Comunismo.Ruben de Carvalho.

24.5.
sala C402.
Comunismo e sacos de batatas.Fernando Oliveira Baptista e Paula Godinho.

31.5.
sala C402.
Comunismo e Guerra Civil de Espanha.Daniel Kowalsky.

4. 6.
sala a indicar.
Música Moderna ou Música Proletária? Os Debates no Meio Musical Soviético (1917- 1932).Manuel Deniz Silva.

14.6.
Auditório Afonso de Barros.
Democracia e Revolução: a América Latina e o Socialismo hoje.Diana Raby e Miguel Urbano Rodrigues.


Fase 2 - Outubro a Dezembro (projecto sujeito a alteração)

Em discussão: comunismo e ciências (Gisela da Conceição, Maria Carlos Radich), comunismo e materialismo (José Barata-Moura, Fernando Guerreiro), comunismo e democracia (Luciano Canfora, Filipe do Carmo, João Arsénio Nunes), marxismo e romantismo (Michael Lowy), "socialismo real"(Georg Fuelberth, Renate Huertgen), URSS e Rússia (Carlos Taibo, Luís Carapinha, Ricardo Machaqueiro), Século XX (Alain Badiou).